quinta-feira, 19 de junho de 2014

As corporações e o discurso ambientalista: A mais sublime perfumaria.

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Cléder Aparecido Santa-Fé
E-mail: casantafe83@gmail.com


Eu acabei de ler um post no blog do Jamil Chade relatando que a FIFA recusou-se a destinar mais de 0,01% do total da renda dos jogos à causa do tatu bola, mascote da Copa 2014 e espécie ameaçada de extinção.

Cabe salientar que o querido “Fuleco” gerará aproximadamente 30 milhões de reais de lucro aos fabricantes e a FIFA, detentora da patente da mascote, estava disposta a ceder apenas 01 milhão à ONG “Associação Catinga”, entidade responsável pelas ações de preservação do tatu-bola. 

Perante a negativa da ONG, que considerou o valor oferecido muito baixo, e da falta de interesse da FIFA em elevar os valores do repasse da renda, as negociações fracassaram.

Este é mais um caso em que o discurso ecológico e de sustentabilidade é utilizado como perfumaria, ou seja, com a finalidade de produzir uma falsa consciência à sociedade de que os governos e as grandes corporações estão realmente preocupados com as causas ambientais.

Já foi veiculado na imprensa que a FIFA está isenta de arcar com aproximadamente R$ 1 bilhão em impostos, e que estima ter uma arrecadação liquida total de R$ 10 bilhões de reais, 101% a mais do que arrecadado na Copa de 2006 realizada na Alemanha. Fica evidente que a “causa ambientalista” é mais uma falácia ideológica para legitimar a grande política do “pão e circo”. 

Diante do cenário apresentado, torna-se adequado concluir este post com uma paródia da célebre frase do livro “Quincas Borbas” de Machado de Assis: “Aos vencedores, o lucro. Aos tatus-bolas, as batatas”.