segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Anchieta ou Freire?

Foto 1: Nei Alberto Pies (neipies.com)

Giovanna Maria Recco Piccirilli 

José de Anchieta ou Paulo Freire? O desastre histórico perpetuado hoje, nos leva a uma perda de tempo nacional. Enquanto deveria, de modo objetivo, concretizar debates acerca de projetos de educação no Brasil, reagimos a todos instante a ameaças à democracia. 

A proposta da extrema direita do governo atual é trocar Paulo Freire por José de Anchieta, como fundador e patrono da educação. São doses cavaletes de fascismo, e quem seríamos nós para aceitar essa má fé, essa absurda distorção valores envoltos à golpes ideológicos? 

A esquerda no Brasil, deve aproveitar a oportunidade para exercer uma autocrítica. É necessário estudar Paulo Freire e os jesuítas, com embasamento histórico-filosófico. 

Os jesuítas são distorcidos historicamente como apenas catequizadores de índios e por assim descrever, é ignorada toda internacionalização que havia nos colégios jesuítas, com mestres oriundos de diferentes nacionalidades e o estudo aprofundado às artes, na filosofia e nas ciências. 

A modificação do ensino para as Aulas Régias no período pombalino, jamais contavam com professores que estivessem à altura do sistema jesuíta, então banido. 
Freire, em a Pedagogia do Oprimido remete o processo educacional à condição dialógica, ou seja, escutar de fato o indivíduo - as massas populares são oprimidas para a conquista do opressor. A injeção cultural exposta pelo autor, corresponde sem perda epistemológica, definida pela Escola de Frankfurt, melhor dizendo, toda indústria é fruto de cultura, é a forma de invasão cultural. Por assim dizer, reduz a uma imposição "antidialógica".

Paulo Freire é um problema para a mente fascista porque se trata (para eles) de um "marxista influente". É visível que ninguém do atual governo possui conhecimento de suas obras, se torna assim impossível discutir ou confrontar o patronato na educação brasileira. De certo, Anchieta também é desconhecido e não sabem que sua trajetória jesuítica transcendeu a uma mera catequização de "índios".