domingo, 29 de março de 2015

A quem serve a mídia nacional?


Fábio Augusto da Silva Lima
Contanto: fabioasl@gmail.com

Na letra da música Soldado, da Legião Urbana, Renato Russo indaga “Quem é o inimigo, quem é você?” Ao ouvi-la, fiquei pensando quem seria um dos inimigos do desenvolvimento do país e esclarecimento a respeito do atual cenário politico brasileiro. Não há como não ver a grande imprensa (Globo, Veja, Bandeirantes, Folha, Estadão, UOL, dentre outras) como a vilã dessa história.
Pra começar, fica evidente a falta de imparcialidade e a visibilidade que ela dá aos fatos recentes. No caso do Governo Federal, governado pelo PT, da politica econômica e dos casos de corrupção na Petrobras, há uma verdadeira ofensiva e exploração do assunto, cada vez maior. Não vou me aprofundar sobre esses fatos, pois reconheço que eles existem, há muitos problemas no país, nas mais diferentes esferas, como inflação alta, queda na taxa de emprego, diminuição do poder de compra da população, problemas de infraestrutura, etc. Também entendo que é intolerável os casos de corrupção na Petrobrás, que sim, devem ser investigados, mas que fique bem claro, não só da gestão dos governos Lula e Dilma, mas desde o governo FHC, pois há indícios que indicam que esse esquema existe desde os anos 90, com a punição daqueles que estiverem envolvidos e se beneficiaram ilicitamente de recursos públicos.
Inclusive, considero legitima as manifestações contra o governo, ocorridas no último dia 15 de março, que reuniu milhares de pessoas em algumas cidades do país, principalmente na cidade de São Paulo, afinal, vivemos em um país livre e democrático, aliás, liberdade e democracia conquistada por muitos brasileiros que lutaram e deram sua vida por essa causa. Inclusive a própria imprensa se beneficiou disso, com a conquista da liberdade de expressão.
Evidente que a crítica política é importante e necessária, mas ela deve se concretizar em propostas e soluções alternativas. Além disso, a mídia não deve ser partidária, pelo contrário, ela deve ser democrática e imparcial. No entanto, não é o que temos visto.  Foi explicita a manipulação exercida pela grande imprensa em torno dessa manifestação, quem acompanhou a cobertura do evento pela Rede Globo, por exemplo, percebeu isso claramente.  A cada 10 minutos havia uma chamada na programação induzindo a população a comparecer ao evento, de maneira quase ufanista, parecia até jogo da seleção brasileira, mas não era. O que estava nas entrelinhas era o descontentamento da emissora em torno do atual governo, por isso, a mensagem do contra, do quanto pior, melhor. Ou seja, propagaram, de forma oculta, a todo o momento a mensagem do fora Dilma, plantando uma crise institucional, com a intenção de enfraquecer o governo federal, abrindo brecha para insatisfações e revolta da população. Ouviam-se muitos discursos de impeachment e até mesmo a volta da ditadura militar por parte de alguns pouco informados da história recente do país.
Por outro lado, deu-se pouca ênfase as manifestações realizadas por todo o país, no dia 13 de março, a favor dos direitos trabalhistas, da Petrobras e contra o retrocesso e a corrupção, que foi realizado pelas centrais sindicais e pelos movimentos sociais, e que contou com um número expressivo de participantes.
A ironia é que essa mesma imprensa é financiada, em grande parte, pelo próprio governo, por meio de recursos federais. Notem que a maioria das emissoras que criticam e exploram a Operação Lava Jato da Petrobrás, são beneficiadas com a veiculação de propagandas institucionais da mesma empresa.
Outra questão é que não vejo a mesma vontade e disposição dessa mesma imprensa em denunciar os governos do seu agrado, do qual tem laços e interesses, tanto a nível estadual quanto municipal. Um exemplo interessante é a cobertura feita pela mesma imprensa em torno da greve dos professores do Estado do Paraná e agora do Estado de São Paulo, ambos governados pelo PSDB. Nenhuma manchete nos jornais de grande circulação, nem uma nota nos telejornais. Será que essa não é uma causa importante, legitima, digna de noticiário? Estranho, mais de 30.000 professores na Avenida Paulista, principal centro econômico e financeiro do país, em pleno dia de semana, como assim? Talvez a manifestação tenha coincidido com uma chuva forte, que alagou vários pontos da cidade no mesmo dia e trouxe muitos prejuízos? Pode até ser, pois explorar a tragédia humana dá mais ibope do que divulgar a luta pela educação e por melhores condições de trabalho dos professores estaduais.
Felizmente, hoje temos a internet e não somos mais reféns de uma única fonte de informação. Aliás a greve dos professores do Paraná só teve êxito e foi vitoriosa pelo fato, claro, além da luta e resistência dos trabalhadores, mas também pela comunicação e mobilização realizada por meio das redes sociais.
Bom, isso foi só um exemplo da seletividade da cobertura dos eventos atuais feitos pela grande imprensa. Não vou nem entrar no mérito da cobertura de outros eventos importantes no Estado de SP, como a crise hídrica, os casos de corrupção no Metrô de SP, os cortes atuais nos orçamentos da Saúde e da Educação feitos pelo Governo Estadual, etc. Enfim, também não vou me aprofundar nos problemas do município, afinal, nós sabemos e vivemos todos os dias com mato alto, buracos nas ruas, vazamento de água, falta de infraestrutura, de mobilidade urbana, etc.
Mas tudo isso não importa, o importante é criticar o governo federal, a Presidente Dilma e o PT. O pior é que muitos, desinformados ou manipulados, vão na onda do golpismo midiático. No entanto, como diz o ditado popular, para bom entendedor, meio palavra basta, é evidente que essa postura da imprensa é uma clara opção politica a favor de um grupo, de um partido, de um projeto de país, no qual vai defender até o fim, por isso promovem o ódio e discórdia contra o atual governo.

Sendo assim, o que interessa a grande imprensa não é o Estado, não é a justiça nem o bem estar da população, mas sim, o poder, alias, o que está em jogo é a tomada do poder, para agradar seus interesses privados e corporativos, sua ideologia, enfim, ao Mercado Financeiro. Desse modo, podemos concluir que a mídia nacional não serve ao povo brasileiro, pois ela não informa, desinforma, não educa, deseduca. Portanto, essa imprensa que está aí só interessa aos conservadores de plantão, as elites brasileiras e estrangeiras que lucram cada vez mais com a destruição do Estado nacional.