sexta-feira, 14 de abril de 2017

Base? Suporte ou Maquiagem? Educação não é perfumaria....




Ana Paula Silveira
E-mail: a_silveirapaula@yahoo.com.br
 
O vocábulo “Base” de acordo com diversos dicionários, significa suporte ou sustentação para algo, o presente vocábulo quando pesquisado na rede mundial de computadores, aparece imagens de bases para usos cosméticos, maquiagens, utilizadas para corrigir imperfeições na pele.
Mas nos ultimas dias ouvimos falar de Base, na educação, mas quais os atributos da Base na educação? Será oferecer suporte ou maquiar algo?
Tecendo-se analogias com os significados e significantes do vocábulo segue algumas observações que convidará você a refletir de modo crítico, sobre a Base na educação brasileira.
No dia 10 Abril foi apresentado pelo governo de Michel Temer a segunda versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a educação infantil e o ensino fundamental, fixando objetivos, conteúdos, competências e habilidades a serem oferecidas ao longo da formação estudantil, excluindo o ensino médio da formação básica no país.
Essa Base de acordo com informações obtidas no sítio eletrônico do Ministério da Educação, está prevista na Carta Magna brasileira de 1988, na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional de 1996, nos Parâmetros Curriculares de 1998, nos Planos Nacionais de Educação 2010; 2014 e na Conferência Nacional de Educação de 2010.
Pois bem, é inegável a necessidade de ter parâmetros e objetivos curriculares mínimos para garantir uma formação de qualidade de norte a sul no país, mas não permitir que haja as manifestações das singularidades do ser, as diversidades de gêneros, o respeito pelas orientações sexuais, as condições socioculturais e as diversidades sociolinguísticas, simplesmente pelo fato de ter que respeitar e seguir os objetivos e conteúdos fragmentados em disciplinas isoladas a cada ano para, então obter a formação do sujeito de qualidade e plena.
É necessário encontrar um ponto comum no processo de ensino/aprendizagem na educação brasileira, mas isso não se faz em três anos de discussão e implementação da Base é necessário décadas de estudos, pesquisas e discussões com os pares.
Essa Base para os idealizadores se faz urgente e necessária à educação brasileira, pois faz parte do progresso educacional em vários países como Austrália, Chile, Cuba, Estados Unidos, Finlândia, México, Nova Zelândia e Portugal, além disso é necessária para enfrentar os desafios contemporâneos são as justificativas dadas pelos idealizadores e defensores da Base.
Os “conservistas” e entidades educacionais privadas estiveram nos bastidores da última versão da Base, enviada ao Conselho Nacional de Educação, sendo isso um retrocesso na luta e na conquista de anos dos movimentos estudantis e sociais, que lutaram por aquilo que de fato está na Constituição de 1988, uma educação igualitária e de qualidade a todos os brasileiros, respeitado as diferenças.
Vale ressaltar que para que haja essa formação igualitária e de qualidade é necessário haver respeito às diversidades, essa Base na educação não reflete as reais condições educacionais no Brasil emergentes do íntimo das escolas públicas.
Antes de propor às escolas públicas essa Base, como suporte curricular, devem, antes, oferecer condições mínimas de funcionamento e estrutura a professores, funcionários, estudantes e comunidade assistida pela instituição, para que possam reivindicar os reais direitos educacionais, pois oferecer algo sem antes consertar aquilo que vem a séculos ruindo é, na verdade, oferecer uma maquiagem para esconder as fissuras nas paredes das escolas públicas.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) seria pertinente, se caso, todos os problemas educacionais no Brasil já tivessem sido sanados com políticas públicas contundentes, eficazes e efetivas, mas problemas educacionais no Brasil, onde não se tem um Sistema Nacional de Educação surgem diariamente.
O último Plano Nacional de Educação intenta a criação desse Sistema Nacional de Educação, o qual já era para estar em elaboração, mas no momento a preocupação é a elaboração, implementação e aplicação de uma Base à educação.
Assim assistimos o desenrolar das prioridades governamentais e não as prioridades das escolas públicas, dos professores, dos funcionários e de toda comunidade escolar e aguardando em breve o lançamento das Normas Técnicas para Educação Brasileira ou Manual de Aplicação da Base, na educação, pois educação no Brasil se faz com maquiagens, com manuais, com “Ctrl C- Ctrl V” e com simulacro da autonomia.