Fábio
Augusto da Silva Lima
Esses
dias vivenciei uma cena no transito, que me deixou perplexo e assustado, mas
que por outro lado, me fez pensar no tipo de sociedade que vivemos na
atualidade. Já era noite e estava eu, dirigindo numa das marginais da cidade,
na faixa da direita, o transito estava um pouco carregado, mas fluindo bem.
Caminhava na velocidade permitida da via que era de 70 km por hora, quando de
repente, se aproximou um veiculo Kombi, atrás de mim, em alta velocidade, com o
motorista buzinando enlouquecidamente. A faixa da esquerda, onde ele deveria me
ultrapassar, também estava ocupada nesse momento. Isso durou alguns segundos, quando
enfim, ele consegue me ultrapassar. Sem entender a sua “pressa” continuei, mas
se não bastasse, ele ainda abre os vidros do passageiro e começa a me ofender e
me ameaçar. Não vi motivos para tal comportamento, se fosse uma situação de
emergência ou socorro, tudo bem, é compreensível, mas não parecia ser. Enfim,
preferi ignorar a situação e continuar meu trajeto.
Relatei
esse caso para mostrar o quanto nossa sociedade está competitiva e
individualista. Competitiva, porque as
ruas, avenidas, marginais, se tornaram verdadeiras pistas de corrida, onde o
que vale é andar em alta velocidade, ultrapassar, ganhar tempo, só não se sabe para
que? Usei o transito para exemplificar, mas a competitividade está enraizada em
todos os meios da sociedade, de forma cada vez mais latente e destrutiva.
Individualista,
porque o que vale é chegar primeiro, vencer, não importa de que maneira. Nem
que você tenha que mentir, roubar, machucar e até mesmo tirar a vida de alguém.
Nesse sentido, a individualidade não é só para si, mas contra o outro também. Parece
exagero, mas é a mais pura realidade. Basta ver a analisar as cenas do nosso
cotidiano banalizado. Um exemplo disso é o que aconteceu na última semana na
Suécia. Se não bastasse um homem cair bêbado sobre os trilhos do metro e ser
assaltado por outro individuo que se aproveitou da situação, ele ainda foi
atropelado. Por sorte, apesar de perder um dos pés, ele conseguiu sobreviver.
Nesse caso, o que mais choca e entristece e a total falta de humanidade.
Mas
também não sou ingênuo, sei que atrás de todo esse contexto existe um sistema
capitalista bem organizado e articulado, divulgador de uma ideologia defensora
desses valores, vendedora de ilusões, mas ao mesmo tempo, destruidora de
corações e mentes. A questão é que tudo isso tem levado cada vez mais a perda
de valores fundamentais de convivência coletiva, e por consequência, a
desumanização do ser humano.