sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Professor = Bombril: 1.001 Utilidades, exceto a de ser Professor



Cléder Aparecido Santa-Fé
E-mail: casantafe83@gmail.com

Foi com uma sensação de sarcasmo, misturada com indignação, que conclui a leitura da seguinte notícia: “Após massacre da escola primária de Newtown, projetos querem armar educadores”. Em síntese, os EUA estão fomentando projetos, lobby evidentemente favorável ao comércio de armas de fogo, que visam armar e oferecer capacitação de tiro ao professorado americano. Estas medidas tomaram forma após o último massacre ocorrido na escola primária de Newtown.

Diante do meu estado de perplexidade com a novidade, rememorei algumas discussões realizadas durante a graduação em Pedagogia entre professores e amigos e cheguei a uma constatação emblemática e pessimista: a classe docente, presa em sua inércia às questões políticas, tornou-se o “Rato de Skinner[1]“ do Estado, ou seja, se consolidou, de forma inédita, como a principal cobaia das políticas públicas para além das educacionais.

As justificativas apresentadas pelas autoridades são inúmeras, com ênfase na melhoria da qualidade do ensino até programas preventivos de Segurança Pública, sendo o último ponto objeto fomentador desta discussão.

É conveniente ressaltar, na maioria dos casos, que estes programas são executados sem nenhum planejamento do Poder Público e são impostos à classe docente, destacando a inexistência de prévia discussão e estruturação curricular entre os envolvidos e das condições básicas de aplicabilidade destas políticas.

Deste modo, verifica-se que as atribuições do professor, na atualidade, estão cada vez mais fragmentadas, visto que o mesmo se tornou um profissional polivalente, no sentido negativo da palavra, pois é obrigado a assumir responsabilidades que não lhe diz respeito. Por exemplo, eu considero um absurdo que um educador, em caso de emergência, deva atirar em um alucinado, muitas vezes produto da cultura e sociedade norte-americana. Já bastam os momentos em que esta categoria é obrigada a assumir o papel de psicólogo, assistente social, sociólogo, policial, etc. A grande questão que deixo para ser aprofundada é: Quando o professor será P.R.O.F.E.S.S.O.R.?

Este texto procura valorizar e defender as concepções do papel do professor em consonância com os pressupostos exarados pelos autores Dermeval Saviani e Mariana Fonseca Taques.  Para Saviani (1985, p. 27) “o pedagogo é aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o processo de formação cultural”. Segundo Taques (2007):
  
 “O papel do pedagogo é realizar a articulação entre a teoria e a prática pedagógica, dentro das condições concretas de ensino e aprendizagem, uma vez que, como responsável pela organização do trabalho pedagógico da escola como um todo, este profissional deve conhecer as possibilidades e as relações dos diversos contextos que constituem, sendo possível prever e prover, de forma sistemática, o currículo, os recursos e a distribuição do tempo e do espaço escolar, para que as atividades planejadas sejam realizadas, além de analisá-las quanto a sua efetividade para a promoção da aprendizagem”. (TAQUES 2007, p. 4)




[1] Burrhus Frederic Skinner (Susquehanna, Pensilvânia, 20 de Março de 1904 — Cambridge, 18 de Agosto de 1990) foi um autor e psicólogo americano. Dedicou-se durante anos em experiências com ratos e pombos, alicerce de toda base teórica do Behaviorismo. 

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