Cléder
Aparecido Santa-Fé
E-mail:
casantafe83@gmail.com
Foi com
uma sensação de sarcasmo, misturada com indignação, que conclui a leitura da
seguinte notícia: “Após massacre da escola primária de Newtown, projetos
querem armar educadores”. Em síntese, os EUA estão
fomentando projetos, lobby evidentemente favorável ao comércio de armas de
fogo, que visam armar e oferecer capacitação de tiro ao
professorado americano. Estas medidas tomaram forma após o último massacre
ocorrido na escola primária de Newtown.
Diante
do meu estado de perplexidade com a novidade, rememorei algumas discussões
realizadas durante a graduação em Pedagogia entre professores e amigos e
cheguei a uma constatação emblemática e pessimista: a classe docente, presa em
sua inércia às questões políticas, tornou-se o “Rato de Skinner[1]“ do Estado, ou seja, se consolidou, de forma inédita, como a
principal cobaia das políticas públicas para além das educacionais.
As justificativas
apresentadas pelas autoridades são inúmeras, com ênfase na melhoria da
qualidade do ensino até programas preventivos de Segurança Pública,
sendo o último ponto objeto fomentador desta discussão.
É
conveniente ressaltar, na maioria dos casos, que estes programas são executados
sem nenhum planejamento do Poder Público e são impostos à classe docente,
destacando a inexistência de prévia discussão e estruturação curricular entre
os envolvidos e das condições básicas de aplicabilidade destas políticas.
Deste
modo, verifica-se que as atribuições do professor, na
atualidade, estão cada vez mais fragmentadas, visto que o mesmo se tornou
um profissional polivalente, no sentido negativo da palavra, pois é obrigado a
assumir responsabilidades que não lhe diz respeito. Por exemplo, eu considero
um absurdo que um educador, em caso de emergência, deva atirar em um alucinado,
muitas vezes produto da cultura e sociedade norte-americana. Já bastam os
momentos em que esta categoria é obrigada a assumir o papel de psicólogo,
assistente social, sociólogo, policial, etc. A grande questão que deixo para
ser aprofundada é: Quando o professor será P.R.O.F.E.S.S.O.R.?
Este
texto procura valorizar e defender as concepções do papel do professor em
consonância com os pressupostos exarados pelos autores Dermeval Saviani e
Mariana Fonseca Taques. Para Saviani (1985, p. 27) “o pedagogo é
aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o processo de formação
cultural”. Segundo Taques (2007):
“O papel do pedagogo
é realizar a articulação entre a teoria e a prática pedagógica, dentro das
condições concretas de ensino e aprendizagem, uma vez que, como responsável
pela organização do trabalho pedagógico da escola como um todo, este
profissional deve conhecer as possibilidades e as relações dos diversos
contextos que constituem, sendo possível prever e prover, de forma sistemática,
o currículo, os recursos e a distribuição do tempo e do espaço escolar, para
que as atividades planejadas sejam realizadas, além de analisá-las quanto a sua
efetividade para a promoção da aprendizagem”. (TAQUES 2007, p. 4)
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