sábado, 8 de agosto de 2015

Zé e Zappa: A reinvenção da vanguarda e o resgate da concepção de Stravinsky


Os anos 1960 ficaram marcados por ser a década em que houve uma revolução cultural imensurável em nível mundial. Nesse período destaca-se a consolidação do nascente rock and roll e sua explosão em âmbito mundial, através da beatlemania e posteriormente do movimento hippie.  Neste período, no Brasil, também temos um turbilhão cultural se desenvolvendo, através do apogeu da contracultura, da bossa nova, da música de protesto e do tropicalismo.
Na política, essa década do século XX ficou marcada pela instalação de regimes autoritários em países da América Latina, pela política externa intervencionista norte-americana que resultou na Guerra no Vietnã, pelo movimento ocorrido na França, denominado “maio de 1968”, no qual setores estudantis e, posteriormente, do proletariado francês reivindicaram do governo a execução de reformas nas políticas educacionais francesas.
A apresentação desse contexto histórico é necessária para analisarmos o cenário no qual surgiram os dois maiores nomes da música de vanguarda deste período: Tom Zé e Frank Zappa.
Sabe-se que ambos os artistas beberam da mesma fonte: a música de Ígor Stravinsky. Este grande músico, do início século XX, foi um grande experimentalista, com a criação de obras distantes dos padrões da estética musical, sendo considerado um compositor inovador, com a predileção, em suas obras, de estruturas rítmicas e melódicas complexas, além do uso frequente de dissonâncias, despertando a admiração de Tom Zé e de Frank Zappa.
O baiano Tom Zé participou ativamente do movimento da Tropicália (1967-1969), sendo um dos principais responsáveis pelo estilo artístico adotado pelo movimento. Toda sua obra posterior procurou enfatizar, na concepção das letras e dos arranjos, a fusão de elementos da pop-art, do rock and roll e da música brasileira com o experimentalismo presentes nas obras de Stravinsky e demais compositores de vanguarda. 
Tom Zé possui álbuns memoráveis, com destaque aos discos Todos os Olhos de 1974, Estudando o Samba de 1976, Tropicália Lixo Lógico de 2012, entre outros. 
Cabe ressaltar que no Brasil, após o tropicalismo, sua obra passou despercebida até ganhar notoriedade internacional, no final dos anos 1980, através do “reconhecimento” de David Byrne, músico da banda Talking Heads, ao ouvir uma de suas obras. 
Byrne ficou admirado pela estética musical de Tom Zé e resolveu fazer a divulgação de suas canções nos EUA.
O norte-americano Frank Zappa também possuía forte influência de compositores de vanguarda (Edgard Varese, Stravinsky e Anton Webern) e conseguiu incorporar esses elementos com a sua inovadora música com marcante presença do jazz, do rhythm and blues e do rock and roll em suas composições. 
Em toda a sua carreira, Frank Zappa foi considerado praticante de música underground, e suas obras continham sátiras aos modismos musicais da época, neste caso, a psicodelia, a opera rock e o disco. Os principais discos de Zappa são Hot Rats de 1969, Waka/Jawaka e The Grand Wazoo, ambos de 1972, e You are What You is, etc. Em 1993, Zappa morreu devido ao alastramento de um câncer.
Infelizmente a vida e o destino não possibilitaram que Tom Zé e Frank Zappa se cruzassem e, talvez, desenvolvessem um trabalho conjunto. Se essa parceria acontecesse, certamente teríamos ainda mais belíssimas contribuições e inovações estilísticas musicais. Salve Zé, Salve Zappa!

REFERÊNCIAS:
Wikipédia – Frank Zappa: https://pt.wikipedia.org/wiki/Frank_Zappa
Wikipédia – Stravinsky: https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dgor_Stravinski

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