Ana Paula Silveira
E-mail:
a_silveirapaula@yahoo.com.br
Não é de hoje que,
na sociedade brasileira, as mudanças, os entraves, os acontecimentos históricos
se dão em espaços escolares formais e não formais, sobretudo em escolas
públicas. Como por exemplo, a escolarização dos nativos da ilha de Vera Cruz.
Avançando um pouco
mais na história brasileira nos deparamos com uma escola elitista e seletiva,
onde poucos gozam do direito a escolarização, assim aumentando as diferenças
sociais.
Aqueles que eram
abastados ao terminar a formação básica no país se dirigia a Europa para ter
uma formação acadêmica de alto nível, voltando para o Brasil para implementar o
aprendido, mas as ideias inovadoras foram consideradas ameaças por muitos que
aqui administravam os setores e segmentos sociais, impedidos de pôr em prática
seus anseios, alguns desses jovens se rebelaram, dando início a motins,
revoltas e inconfidências, nesse sentido observamos que a educação tem o poder
de criar transformar a realidade posta.
Após a criação das
Universidades Públicas brasileiras, as mesmas foram palcos de inovações
cientificas, descobertas artísticas, formação de grandes escritores, teóricos e
críticos, porém se torna uma ameaça à ordem impostas por governos ditatoriais e,
por consequência, tendo vários universitários perseguidos, torturados e mortos
por militares.
Com o passar dos
anos, na “redemocratização”, as escolas passaram ter papel essencial nas
escolhas dos dirigentes governamentais em dois aspectos, sendo eles como o
espaço físico para o pleito e o espaço que pode oferecer uma formação crítica
para que as pessoas façam as escolhas devidas, mas não é interessante manter
uma sociedade crítica e atuante, pois essa sociedade, munida de conhecimento,
transforma a realidade, luta pelos seus direitos.
Com concessões de
benefícios a população, políticas públicas são implementadas, mediante a
frequência escolar das crianças nas escolas, através de projetos, tais como o “Visão
de Futuros” que são realizados na escola, as ações vinculadas à Pastoral da
Família, as campanhas de vacinação e a última, contra o HPV, podendo elencar
numerosas ações que acontecem nas escolas, mas frisei as recentes das últimas
décadas.
Além desses fatos
mencionados, a escola também é o abrigo para as pessoas vítimas de desastres
naturais, abrigo para esportistas em competições regionais, abrigo para
congressistas. Mais uma vez a escola
ensina, direciona os fatos sociais e acolhe as pessoas.
O abrigo para
mudança, a escola pública passou a ser no ano de 2016, como por exemplo, a
revolução feita pelos secundaristas do Estado de São Paulo, que derrubaram o
projeto que fecharia escolas estaduais, proposta governamental com objetivos de
expansão do ensino técnico, no Estado de São Paulo.
Recentemente, em
todo território nacional, outra ocupação iniciou contra a Reforma do Ensino
Médio, a qual pretende eliminar disciplinas do currículo escolar, além das
escolas de ensino médio estarem ocupadas no momento, os institutos federais de
educação, as universidades públicas também estão ocupadas contra a aprovação da
PEC-241, cabendo ressaltar que essa ocupação chama mais atenção da mídia e
preocupa os governantes, pelo fato das proximidades do ENEM e das Eleições
Municipais do segundo turno.
Há uma preocupação,
porém não é com os estudantes mortos e feridos durante a ocupação, a
preocupação, por hora, é com a situação dos espaços escolares, para acontecer
as escolhas dos dirigentes municipais, que quando ocuparem altos cargos
políticos esquecerem, de suas origens, desrespeitando movimentos estudantis
legítimos.
As manifestações ocorridas
esse ano em escolas públicas, mostram o quão organizado e politizado estão os
jovens brasileiros, estes certamente estão aprendendo, cada vez mais pela
pedagogia da convivência e pela educação não formal, talvez estes jovens
disciplinados dentro de uma sala de aula, com padrões tradicionais, decorando
conteúdos para as provas finais, não conseguiriam apreender sobre as
perspectivas sociais, culturais e econômicas, o aprendizado político e crítico
não perpassam as matrizes curriculares, dos jovens brasileiros, os Estado cada
vez mais formam jovens passiveis e acríticos.
A escola, enquanto
espaço de luta, transformação e revolução, não pode se calar diante das
imposições de governos ilegítimos, que podem feri-la, uma vez que é pela escola
e na escola que acontece ações e programas do governo federal para beneficiar a
sociedade civil, é na escola que escolhemos os representantes governamentais,
essa escolha se dá no âmbito subjetivo, pois no processo de
ensino/aprendizagens de qualidade teremos as condições plenas de escolher
criticamente quem irá nos representar, mas também de modo objetivo por meio das
eleições voltamos à escola para exercer a nossa cidadania.
Além disso, passamos
a maior parte do tempo de nossas vidas na escola, nesse sentido pode-se afirmar
que a nossa personalidade é constituída dentro da escola, ou seja quem somos e
o que fazemos é fruto do que fomos e do que apreendemos, enquanto crianças,
adolescentes e jovens estudantes, por isso a necessidade da escola, repensar
como está contribuindo para a formação do sujeito e formação da sociedade
brasileira, a reforma educacional é necessária, mas está não deve ser imposta,
precisa surgir do “chão da fábrica”, ou seja todos da comunidade escolar são
competentes para propor a mudança, a transformação.
A escola não é
apenas um prédio em que mandamos as crianças, os jovens para decorar apostilas,
atingir rankings mundiais, a escola é o locus
de constituição do sujeito de suas ações na sociedade, ações estas que primem
pela mudança, por um novo Brasil.