quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Pessimismo.



Fábio Augusto da Silva Lima
Contato: fabioasl@gmail.com

A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto”
Miséria – Titãs

Dizem que o pessimista tende a ver o mundo de forma desfavorável, como alguém que sempre está esperando pelo pior. Nesse sentido, o ano de 2017 no Brasil só reforçou essa sensação negativa, de que as coisas não vão bem. Ao julgar pelo inicio de 2018, não espero que seja muito diferente, infelizmente.

E tenho algumas razões para pensar assim. Veja a miséria em que nosso país se encontra atualmente. E não falo em miséria apenas no sentido de sofrimento, mas nos seus mais variados sentidos, quer dizer, misérias, no plural. Para não ser repetitivo, vou usar os sinônimos dessa palavra para refletir sobre nosso contexto desolador.

A mesquinharia da nossa política, que se vende aos interesses do mercado e do capital, de um país governado por um governo corrupto, que se mantém no poder usando a máquina do estado; a pobreza por qual vive grande parte da população, expostas a fome, doenças e violência; o infortúnio das nossas prisões, que registrou mais uma vez um massacre, dessa vez no estado de Goiás, com a morte de 9 (nove) detentos.

E mais, a insignificância com nosso Meio Ambiente, só ver a quantidade de lixo produzida nesse réveillon, tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo, para comemorar nosso “velho” ano novo; a penúria dos nossos serviços públicos, cada vez mais deteriorados e sucateados e ainda, a carência de um povo condicionado a aceitar essa situação caótica no qual o país se encontra, explorados por uma elite nacional com mentalidade de colonizador, que destrói as riquezas do país para lucrar cada vez mais.

Não por acaso, em um artigo publicado no começo do ano passado, dei o titulo de “Feliz Ano Velho”, pois na época escrevi que não já não me iludia com o começo de um ano novo. Após um ano, reforço a ideia de que no Brasil, a mudança no calendário não significa mudança nas condições de vida da população, pelo contrário, estão cada vez mais difíceis. Como diz a letra dos Titãs, vivemos em um país que já se acostumou com tragédias cotidianas, que dizer, “a morte não causa mais espanto” e “miséria é miséria em qualquer canto”.

Pra não dizer que não falei das flores e de que tudo vai de mal a pior, talvez a mudança esteja em nós mesmos, na nossa mudança de postura frente a esse cenário temerário. Uma espécie de “pessimismo da razão e otimismo da vontade”, como escreveu o compositor Humberto Gessinger. Enfim, na luta por um país melhor, na defesa da nossa democracia e das nossas conquistas sociais históricas. Afinal, em 2018, muita coisa ainda vai acontecer, é ano de eleição e temos de fazer dessa oportunidade uma possibilidade de mudança efetiva.

Ainda assim, continuo pessimista, pois como disse o escritor Millôr Fernandes, “É melhor ser pessimista do que otimista. O pessimista fica feliz quando acerta e quando erra”.