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“A
morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto”
O Sol não causa mais espanto
A morte não causa mais espanto
O Sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto”
Miséria
– Titãs
Dizem
que o pessimista tende a ver o mundo de forma desfavorável, como
alguém que sempre está esperando pelo pior. Nesse sentido, o ano de
2017 no Brasil só reforçou essa sensação negativa, de que as
coisas não vão bem. Ao julgar pelo inicio de 2018, não espero que
seja muito diferente, infelizmente.
E
tenho algumas razões para pensar assim. Veja a miséria em que nosso
país se encontra atualmente. E não falo em miséria apenas no
sentido de sofrimento, mas nos seus mais variados sentidos, quer
dizer, misérias, no plural. Para não ser repetitivo, vou usar os
sinônimos dessa palavra para refletir sobre nosso contexto
desolador.
A
mesquinharia da nossa política, que se vende aos interesses do
mercado e do capital, de um país governado por um governo corrupto,
que se mantém no poder usando a máquina do estado; a pobreza por
qual vive grande parte da população, expostas a fome, doenças e
violência; o infortúnio das nossas prisões, que registrou mais uma
vez um massacre, dessa vez no estado de Goiás, com a morte de 9 (nove) detentos.
E
mais, a insignificância com nosso Meio Ambiente, só ver a
quantidade de lixo produzida nesse réveillon, tanto no Rio de
Janeiro como em São Paulo, para comemorar nosso “velho” ano
novo; a penúria dos nossos serviços públicos, cada vez mais
deteriorados e sucateados e ainda, a carência de um povo
condicionado a aceitar essa situação caótica no qual o país se
encontra, explorados por uma elite nacional com mentalidade de
colonizador, que destrói as riquezas do país para lucrar cada vez
mais.
Não
por acaso, em um artigo publicado no começo do ano passado, dei o
titulo de “Feliz Ano Velho”, pois na época escrevi que não já
não me iludia com o começo de um ano novo. Após um ano, reforço a
ideia de que no Brasil, a mudança no calendário não significa
mudança nas condições de vida da população, pelo contrário,
estão cada vez mais difíceis. Como diz a letra dos Titãs, vivemos
em um país que já se acostumou com tragédias cotidianas, que
dizer, “a morte não causa mais espanto” e “miséria
é miséria em qualquer canto”.
Pra
não dizer que não falei das flores e de que tudo vai de mal a pior,
talvez a mudança esteja em nós mesmos, na nossa mudança de postura
frente a esse cenário temerário. Uma espécie de “pessimismo
da razão e otimismo da vontade”, como escreveu o compositor
Humberto Gessinger. Enfim, na luta por um país melhor, na defesa da
nossa democracia e das nossas conquistas sociais históricas. Afinal,
em 2018, muita coisa ainda vai acontecer, é ano de eleição e temos
de fazer dessa oportunidade uma possibilidade de mudança efetiva.
Ainda
assim, continuo pessimista, pois como disse o escritor Millôr
Fernandes, “É melhor ser pessimista do que otimista. O
pessimista fica feliz quando acerta e quando erra”.
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