Esse
refrão clássico, da música Should I Stay Or Should I Go?, e de autoria da banda
britânica The Clash, inspirou o catarinense Jesse Koz a dar uma volta no
continente americano dirigindo seu fusca 78, levando seu fiel companheiro de viagem,
o cão da raça Golden Retriever, batizado de Shurastey.
No
entanto, no ultimo mês de maio, no dia 23, a história da dupla Jesse Koz e
Shurastey chegou ao fim, após um acidente automobilístico fatal, no EUA,
comovendo seus seguidores das redes sociais, que acompanhavam suas histórias e
aventuras, de um homem jovem, cheio de sonhos, com seu cão doce, carismático e
companheiro, que pretendiam chegar, depois de viajarem por 17 países pelo
continente americano, no gelado estado do Alasca.
Eles
já estavam na estrada há mais de cinco de anos, desde que Jesse Koz, brasileiro
de Santa Catarina, que morava em Balneário Camboriú, resolveu deixar tudo para
trás, seu emprego, família, amigos e pegar a estrada, em busca de algo que
fizesse sentido para sua vida.
Um
sonho, um fusca e um melhor amigo de quatro patas para acompanha-lo, Jesse Koz,
idealizador do projeto “Shurastey or Shuraigow”, realizou a grande utopia do
mundo moderno, ou seja, o espirito de liberdade, aventureiro, da fé em Deus e
pé na estrada. Aliás, quem nunca de nós, pobres mortais, não desejou isso em
algum momento da vida?
Mas
do que nunca, Jesse entendia que estamos de passagem nessa vida, por isso ele
quis realizar sua utopia, da última viagem, a viagem para o céu. E Jesse Koz
realizou seu sonho. Desejou e realizou a utopia moderna, ou seja, pegar a
estrada a dois, como um casamento que nunca vai se desfazer, uma idealização da
nossa civilização moderna.
Na
visão do sonhador, a estrada é o seu próprio destino, pois nenhuma, nada,
nenhum problema vai surgir que possa desfazer a amizade, o casamento, o laço a
dois. A utopia não é somente a viagem, mas sim, a utopia da amizade eterna. O
homem e o cachorro representavam o matrimonio ideal, o laço perfeito, pegando a
estrada juntos, para nunca mais se desenlaçar.
Mas
a questão da viagem de Jesse Koz e seu cão, é que chegou um momento em que eles
já não podiam mais voltar, portanto, continuaram na estrada. Nesse sentido, a
utopia não poderia acabar, pois ela é um fim em si mesma. Por isso, ela está
associada ao ideal de felicidade, e o segredo de uma vida feliz, segundo Bob Moorehead é “não ter tudo o que você quer, mas amar tudo o que você tem!”. E
foi exatamente isso que Jesse Koz fez ao lado do seu cão. Mas quis o destino
que os dois se transformassem em estrelas do céu.
No
que se refere a educação, nós, pedagogos, somos os guardadores de utopias, e
aqueles que não tem utopia, não podem ser professores. Pois a educação depende
de pessoas que tem ideologia, que acreditam no poder transformador do processo
educativo. Não o que reprime, mas o que liberta.
Mas
será que ainda é possível acreditarmos em utopias? Mesmo dentro de um sistema
neoliberal, que instrumentaliza o ser humano cada vez mais, que nos faz
reproduzir os mesmos desejos e padrões de consumo e estéticos? Como bem
escreveu o poeta Eduardo Galeano, “Pra que serve a utopia? Serve para isso:
para que eu não deixe de caminhar.” Jesse Koz e o seu cão, Shurastey, nos
mostraram em sua maravilhosa caminhada, que sim, que não é só possível, mas
necessário viver e realizar nossas utopias. Nós, sonhadores, agradecemos por
manter viva as nossas utopias!