Cléder Aparecido Santa-Fé
casantafe@gmail.com
A pergunta que não quer calar está no título desta postagem,
referência da música "Será que eu vou virar bolor?" de Arnaldo
Baptista. Essa canção me estimulou a propor essa discussão, bem sugestiva por
sinal, para refletirmos acerca do Dia Mundial do Rock ocorrido no último dia 13
de julho.
Eu sou apreciador de música de qualidade e tenho reparado que
a principal função da “Indústria Cultural” na atualidade, termo criado pelos
filósofos da Escola de Frankfurt, é desvincular a arte do entretenimento, com
conotações negativas para o primeiro conceito e de prazer para o segundo.
Eu gosto muito de rock, porém o mesmo se tornou o grande
carro chefe do capitalismo. Os empresários da “arte” perceberam que o viés rebelde e contestador
deste gênero musical serviriam para atender as demandas de consumo das futuras
gerações de jovens e conseguintemente integrá-los a sociedade de consumo. Foi nesse instante que o rock se tornou uma das
maiores mercadorias do universo. Para embasar esta afirmação, segue uma matéria
do Estadão no link a seguir: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia%20brasil,rock-in-rio-grandes-investimentos-em-25-anos-de-historia,86067,0.htm
O nosso grande Raulzito alegou que o Rock teria morrido em
1959 e descreveu que todo o resto do estilo é resultado da invenção fabril,
conforme entrevista à Revista Bizz em 1986.
Em suma, o “Maluco Beleza” tem toda a razão e verifica-se
ainda que os diversos estilos locais, de raízes culturais brasileiras, como o
pagode, o sertanejo e o forró tiveram sua estrutura melódica atualizada para
agradar os ouvintes globalizados do mercado mundial atual. O resultado de
tudo isso é que temos amplamente divulgadas músicas de qualidade questionável e
artistas que não se assemelham em nada ao gênero que acreditam defender.
Luan Santana, Gusttavo Lima, Michel Teló, Restart, Inimigos da HP nada mais são
que inúmeros Frankensteins tendo por base rítmica o pop-rock e mesclado com os
diversos ritmos regionais.
Os admiradores das vertentes do “metal” estão totalmente
alienados neste estilo, constituindo-se uma religião ortodoxa, acrítica e
vivendo em um constante déjà vu de temas demasiadamente explorados por este
segmento, por exemplo, o satanismo.
Se eu estivesse com mais tempo, desenvolveria mais
considerações acerca deste tema, portanto, para mim só resta indagar “Onde é que está meu Rock and Roll”?
OBS:
Gostaria de referenciar e também indicar como sugestão de
leitura a dissertação de mestrado de autoria do Senhor Clóvis Santa Fé Júnior intitulada O Rock
"Politizado" Brasileiro dos anos 80 apresentada na
Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de Araraquara para maior embasamento do
tema.
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