terça-feira, 15 de outubro de 2013

A felicidade materializada



Fabio Augusto da Silva Lima
Contato: fabioasl@gmail.com

O grande filósofo grego Epicuro, defende na obra Carta sobre a felicidade, que o prazer é o inicio e o fim de uma vida feliz. No entanto, também alertava para a necessidade do cuidado com a busca indiscriminada pelo prazer, pois isso, ao invés de trazer satisfação, teria o efeito contrário, ou seja, resultaria em dor e sofrimento.

Já no século XVIII, os filósofos do iluminismo francês defendem a ideia da felicidade enquanto o objetivo supremo de cada individuo. Para tanto, esse ideal deve ser alcançado por meio da conquista da liberdade, necessária tanto para o desenvolvimento das capacidades físicas e intelectuais do individuo quanto para sua atuação na vida política.

Na nossa sociedade contemporânea, o conceito de felicidade mudou radicalmente. Na verdade, nos dias de hoje, a felicidade está associada ao progresso pessoal, profissional e, sobretudo material. De fato, defende-se que esse progresso seria necessário para a conquista do prazer, da satisfação e a realização do individuo.

A questão que se coloca é que essa busca, dentro da lógica capitalista, se dá pelo viés mercadológico, ou seja, pela via do consumo. Nesse sentido, numa sociedade de mercado, tudo se torna mercadoria. Na verdade, vivemos num mundo com apelos mercadológicos constantes, onde até os prazeres são mercantilizados.

Portanto, no mundo liquido moderno, para usar a expressão do sociólogo Zygmunt Baumann, a felicidade mais do que um ideal, se torna um produto. Felicidade materializada. Dessa forma, para alcançá-la, é preciso consumir cada vez mais, de todas as formas possíveis, inclusive o próprio consumo de imagens. Veja por exemplo os shoppings Center, que representam o grande palco do fetichismo da mercadoria.

Desse modo, como descreve o historiador brasileiro Jacob Gorender, a sociedade capitalista também se apresenta como sociedade do espetáculo. Ou seja, importa mais do que tudo a imagem, a aparência, a exibição. A ostentação do consumo vale mais que o próprio consumo. A aparência se impõe a existência. Parecer é mais importante do que ser.

Além disso, a ansiedade, a impulsividade, o imediatismo e o comportamento de risco, por exemplo, passaram a ser fatos corriqueiros na vida das pessoas. Tudo se torna efêmero e transitório. Basta clicar um botão e estamos conectados ou desconectados, tudo vai depender do tamanho do nosso tédio.

 O problema é que esse estilo de vida tem levado a uma insatisfação e o adoecimento cada vez maior dos indivíduos, pois nunca se está satisfeito, é preciso sempre mais. Com isso, sentimentos como impotência, tristeza e solidão têm sido cada vez mais constantes. Não por acaso, segundo previsões da Organização Mundial da Saúde, a depressão será a doença do século XXI.

Além dos males que o atual contexto acarreta no plano individual, há também um prejuízo no plano coletivo. Primeiro porque esse progresso material é conquistado através da destruição do Meio ambiente. Para observar isso, não é preciso muito, é só olhar o nosso entorno e ver a cidade com seus prédios e carrões, com um crescimento sem medidas e desenfreado por um lado e o desmatamento e a poluição do outro. Segundo porque impera no nosso mundo o individualismo, a segregação e a competitividade em detrimento da participação política, da solidariedade e da coletividade entre as pessoas.

No entanto, gostaria de enfatizar que apesar dos pesares, nem tudo está perdido. É inegável que a sociedade avançou em muitas áreas, a tecnologia, por exemplo, contribui muito para a transformação dos meios de comunicação, permitindo uma verdadeira revolução digital e novas possibilidades de interação entre os indivíduos. O problema é que há ainda uma privatização sobre esses meios, não se enganem, são as grandes corporações que controlam, operam e monopolizam tudo o que é produzido.

Sendo assim, diante do que foi exposto, fica a pergunta: será possível superar essa realidade e resgatar o conceito original de felicidade?  Acredito que sim, no entanto, é preciso construir alternativas, de modos de viver diferente. Para tanto, é necessário urgentemente romper com esse estilo de vida consumista, com a promoção de valores humanos universais de igualdade entre as pessoas e a garantia dos direitos básicos, como saúde, alimentação, educação, moradia e lazer, entre outros, além da preservação dos recursos naturais essências para nossa sobrevivência.

Desse modo, para além de uma lei proposta pelo senado brasileiro que institui o direito a felicidade, um bom começo seria a mudança da nossa postura contra essa lógica perversa, pois como defende o cientista político Jonh Holoway “nossa força depende da capacidade de dizermos não”.  

domingo, 13 de outubro de 2013

Novos Tempos?

Cléder Aparecido Santa-Fé
Contato: casantafe83@gmail.com

Prezados leitores!

É de conhecimento da maioria, por meio de vinculação nos noticiários, a dificuldade encontrada pelos adeptos do novo partido denominado "Rede Sustentabilidade" no seu processo de legalização junto ao TSE. O mais intrigante de tudo isso não é a aliança forçada com o PSB, ou como diria a própria Marina Silva, o plano C à disputa do pleito presidencial, mas sim a prevaricação, até que ponto intencional, na regularização deste partido.

A REDE vem a público com a divulgação de novas propostas e enriquecimento do debate político em âmbito nacional, permitindo experienciar uma ótica para além da bigamia industrialista presentes nos atuais partidos dominantes deste país: PSDB e PT.

É evidente que há outros interesses na perpetuação da ilegalidade deste partido, pois, conforme foi dito pela própria Marina, alguns segmentos do mercado não seriam contemplados pelo partido, devido estes possuírem objetivos antagônicos às diretrizes partidárias estabelecidas pela REDE.

Em suma, a "ilegalidade" da REDE se constitui em um retrocesso político, visto que os cidadãos não terão a escolha de conhecerem os novos conceitos políticos emergentes, ficando o debate centralizado nas diretrizes estabelecidas pelas duas maiores legendas deste país.

Qual é a sua opinião a respeito deste fato?


Abraço a todos e boa semana!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fatos (A Consequência)


Cléder Aparecido Santa-Fé
Contato: casantafe83@gmail.com


É muito engraçado como os fatos na atualidade estão cada vez mais instantâneos e, de certa forma, aparentemente descartáveis.  Parece que vivenciamos constantemente o similar, visto que as notícias se repetem, levando ao ouvinte, telespectador e internauta manifestar sensações de indiferença, vazio e diversos outros sentimentos acerca dos acontecimentos do velho vasto mundo.

Em 2001, eu escrevi uma canção que aborda, quase em sua totalidade, o ser humano dos séculos XX e XXI. A atual humanidade está sendo frequentemente bombardeada com informações e, na maioria das vezes, as percepções destes fatos acabam sendo manipulados ou sem significado concreto ao destinatário da informação.  Nesse caos de acontecimentos, aparentemente sem ligação, existe uma idéia maior que embasa todo o significado dos fatos fragmentados e dissociados, caracterizando, portanto, os hábitos e costumes da nossa sociedade atual.

Diante disso, segue para apreciação de todos a canção intitulada “Fatos (A Consequência)” de minha autoria.

FATOS (A consequência)” (Cléder Aparecido Santa Fé)

Os rumores da existência.
O álibi do inconsciente.
A existência de dois planos.
A criação e o criador.

A evolução da criatura.
A lógica da profecia.
O poder de sedução.
A psicanálise do ser.

A pluralidade das etnias.
A diversidade de opiniões.
O exemplo de sociedades.
O êxito da transição.

O epílogo da vida.
A utopia do aprender.
As fontes insaciáveis de consumo.
Os opostos que se atraem.

Existência, inconsciente,
Etnias, sociedades,
Sedução e consumo.

Bom final de semana a todos e até a próxima.