segunda-feira, 11 de setembro de 2017

As Novas Tecnologias desconcentram o poder?


Cléder Aparecido Santa-Fé
E-mail: casantafe83@gmail.com

Cada vez mais as novas tecnologias e as TIC's (Tecnologias da Informação e da Comunicação) estão engendrando diversos debates, principalmente, em torno dos impactos dessas inovações na sociedade mundial.

Alguns desses debates estão centrados em analisar os efeitos dessas novas formas de interações sociais na perspectiva do poder.  Para tanto, cabe destacar que grandes pensadores versaram sobre o fenômeno do poder durante o marco civilizatório.

Na era renascentista, Francis Bacon, afirmava que o próprio conhecimento é poder. No início do século XX, Max Weber trouxe um grande arcabouço teórico sobre as fontes do poder, todas amparadas pela dominação do homem em suas relações sociais.

Nos anos 1990, Alvin Toffler publica, nos EUA, o livro Powershift, traduzido no Brasil como "As Mudanças do Poder".  Esta obra é de suma relevância para entender algumas mudanças nas relações de poder com o advento das novas tecnologias da informação. Em seu capítulo introdutório, Toffler alega que, a era da Powershift, é "um momento em que toda a estrutura do poder que mantinha o mundo coeso está agora se desintegrando". (TOFFLER, 2010, p. 27)

Ao mencionar a consolidação das novas tecnologias nas relações humanas, Toffler remonta as contribuições de Francis Bacon e enfatiza que o conhecimento seria, nos dias atuais, a fonte mais relevante de poder, se sobressaindo às outras duas fontes de poder restantes que são a riqueza e a violência. Para exemplificar melhor as três fontes que legitimam o poder, o autor alega que "na política, um governo pode prender ou torturar um dissidente, punir financeiramente seus críticos e recompensar seus partidários, e manipular a verdade para criar a anuência" (TOFFLER, 2010, p. 38).

Nesse sentido, Toffler contasta previamente que, no atual contexto informacional, o conhecimento se torna um poder de alta qualidade, uma vez que se torna um multiplicador de riqueza e força.  Para tanto, o autor menciona o processo de tecnologização do exército americano, instituição legitimada para o uso da força e financiada pelo governo americano, que utiliza-se de alto grau de conhecimento computadorizado em suas operações.

No contexto brasileiro, verifica-se, através da crise institucional do sistema político, que a classe política não consegue mais manter, em sigilo, suas práticas de corrupção, uma vez que as novas tecnologias sempre deixam algum registro comprobatório das ações de improbidade. O caso brasileiro é pertinente, pois ainda há grande resistência "colonial" dos poderosos (políticos e grandes empresários) em compreender que o poder está sendo transferido para outros agentes da sociedade civil, tentando conservar, de forma autoritária, seu domínio político.

Toffler, no capítulo "A Democracia de Mosaícos", propõe, na atual sociedade, a efetivação de uma democracia das minorias, nas quais os diversos grupos da sociedade possam ser protagonistas na gestão da coisa pública. O autor afirma sobre o fim da democracia de massas e salienta que a democracia de mosaícos é "[...] altamenente carregada, que se desloca com rapidez e que corresponde à ascensão dos mosaicos na economia e funciona de acordo com regras próprias.  Estas regras irão nos obrigar a redefinir até mesmo os mais fundamentais pressupostos democráticos." (TOFFLER, 2010, p.273).

Portanto, qual é a sua opinião sobre esse tema? As novas tecnologias realmente detêm a possibilidade de desconcentrar o poder?

Referências:

TOFFLER, Alvin. Powershift: As mudanças do Poder. São Paulo, Editora Record, 2010 (7ª ed.)

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