Nome: Fábio Augusto da Silva Lima
Contato: fabioasl@gmail.com
Nas
últimas semanas tem-se discutido na sociedade brasileira a introdução do
projeto Escola sem Partido nas escolas públicas e privadas do país. Tudo isso
impulsionado pela vitória do futuro presidente, Jair Bolsonaro, que defende a
aprovação do projeto pela Câmara dos Deputados, além do julgamento sobre a
constitucionalidade de uma lei de Alagoas que institui o ‘Escola Livre” inspirado
pelo movimento de alcance nacional, Escola sem Partido.
Vale
lembrar que o Movimento da “Escola sem partido” surgiu em 2004, idealizado pelo
advogado e procurador Miguel Nagib, e que mais tarde, virou projeto de lei em
2014. Esse projeto foca exclusivamente no papel do professor, defendendo a
neutralidade do ensino dentro da sala da aula, limitando o trabalho do
professorado de suas convicções politicas, proibindo o professor de fazer campanha
politica, bem como defendendo o direito da família de educarem seus filhos do
ponto de vista da moral e dos costumes.
Nesse
sentido, esse movimento, em sua essência, acaba por: reduzir o professor a um
burocrata; reduz a educação a uma relação de consumo, ou seja, estabelece uma
lógica de mercado na oferta de ensino; diminui o saber profissional do
professor; reduzindo o aluno a uma propriedade dos seus pais, como se os
professores tivessem tirando a autoridade moral dos pais; por fim, acaba
eliminando a discussão sobre a questão de gênero na escola. Em suma, propõe nas
entrelinhas o fim da escola como espaço de transformação social.
Desse
modo, para os defensores do Escola Sem Partido:
- Quando o professor está educando, ele está doutrinando;
- Quando o professor está educando, ele age como um abusador;
- O professor é o único responsável pelo fracasso escolar do aluno.
Na
contramão dessa corrente, há em curso muitos movimentos sociais e de
professores questionando essa lei, lutando contra sua aprovação. A principal
tese é que o Movimento Escola Sem Partido fere os princípios de uma sociedade
democrática, já que visa cercear a liberdade de cátedra do professor.
De fato, o projeto Escola sem Partido fere diretamente a Constituição Federal Brasileira, no artigo 205, bem como os documentos e acordos mundiais no qual o país é signatário, inclusive as resoluções da Organização das Nações Unidas - ONU ameaçando os direitos humanos e a liberdade de expressão, uma vez que a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos defende o ambiente escolar como espaço da diversidade, espaço da pluralidade, de respeito às liberdades individuais e garantia da escola como espaço democrático, de exercício da cidadania.
De fato, o projeto Escola sem Partido fere diretamente a Constituição Federal Brasileira, no artigo 205, bem como os documentos e acordos mundiais no qual o país é signatário, inclusive as resoluções da Organização das Nações Unidas - ONU ameaçando os direitos humanos e a liberdade de expressão, uma vez que a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos defende o ambiente escolar como espaço da diversidade, espaço da pluralidade, de respeito às liberdades individuais e garantia da escola como espaço democrático, de exercício da cidadania.
Dentre as iniciativas de combate à Escola sem Partido, a Campanha
Nacional pela Educação, denunciou o movimento à Organização das Nações Unidas –
ONU, argumentando que essa lei tem um caráter antidemocrático e antipedagógico,
levando o Governo brasileiro a ser formalmente questionado pela organização
internacional.
No
mais, é importante também considerar que não existe neutralidade no ensino,
como pretende o Movimento Escola sem Partido. Tudo é ideológico. Portanto, é
fundamental que a escola faça um esforço colaborativo, junto com a família e a
sociedade, no sentido de esclarecimento de todos. No entanto, é preciso
compreender que esse será um trabalho árduo, diante do contexto político polarizado
e cheio de embates, fruto de uma sociedade dividida politicamente.
Diante
dessa necessidade de se combater o projeto Escola sem Partido, foi criado
recentemente por entidades ligadas à educação e aos direitos humanos, um Manual
de defesa das escolas brasileiras, que tem como objetivo indicar como o
professor e a escola devem agir diante de possíveis ataques a escola e aos
professores.
Sobre
o trabalho do professor, ele deve ter a liberdade de ensinar aquilo que ele tem
de melhor, a partir da sua formação, das suas convicções e visão de mundo,
nunca de forma doutrinária, mas sempre de maneira autônoma, pois como defende o
grande educador brasileiro Paulo Freire, nenhum professor pode ser neutro na
sua prática.
Enfim,
diante desse contexto, fica a pergunta: Escola sem
partido ou escola democrática? Do meu ponto de vista, a escola deve ser livre
de fato, no sentido da sua autonomia e da pluralidade de ideias. Escolas devem
ser espaços de exercício do pensamento critico, formando cidadãos completos,
críticos, participativos, capazes de entender seu tempo, o passado e projetar o
futuro.
Mais do que isso, especialmente nesse momento político que o país
atravessa, a escola deve ser espaço de resistência contra a imposição, o
autoritarismo e o conservadorismo radical em curso na sociedade brasileira,
pois não haverá educação transformadora sem liberdade de expressão.
Diante disso, somos a favor da tese no qual, segundo Cecilia
Meirelles descreve que diz "Ensinar é acordar a criatura humana dessa espécie de
sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em
profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação - mas por uma
contemplação poética, afetuosa e participante.”.
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