Ao ler o fragmento
“Tempo e Poder” (acesse o texto completo -->> aqui), de autoria do Professor Valdemir Pires, acolhi definitivamente
a ideia de tempo como um fenômeno infindo,
transitório, independente e soberano.
Ao narrar, neste
instigante fragmento, as ascensões e quedas de inúmeros regimes políticos, de sistemas
democráticos à tirânicos, Pires constata a fragilidade humana ao engendrar e
acreditar na perpetuação do status quo.
O tempo evidencia toda
a nossa fragilidade (de opressores e de oprimidos), como muito bem pontuado no
fragmento, uma vez que “todo governo é passageiro, por maior que seja a
prorrogação que consiga obter, por meio da conquista da simpatia dos governados
ou por meio da supressão da possibilidade destes de a ele se oporem” (Pires,
2020).
Neste sentido, toda
tentativa de totalitarismo, mesmo que aparentemente eterno em nossa percepção
temporal, haverá de ruir à soberania de Cronos.
Ao observar, numa perspectiva
de crônica, a atual situação política mundial e brasileira, escrevi a canção
“Nos Dias de Hoje” (letra e link disponíveis após esse texto), que relata, como
forma de denúncia, os descalabros engendrados por grupos totalitários na busca
da perpetuação do seu capital político, assim como silenciar toda manifestação
legítima que busque superar a dicotomia polarizada, imposta nas atuais
narrativas ideológicas em voga.
Porém, após a leitura
do fragmento, a esperança, combinada com boas doses de reencantamentos, ocupam agora
as minhas reflexões, uma vez que, como já muito bem pontuado por Chico Buarque,
“apesar de você, amanhã há de ser outro dia”.
Uma boa leitura a todos!
NOS DIAS DE HOJE (CLÉDER-X)
O nosso senso regride a cada minuto perdido,
Em palavras vazias,Informações e mentiras.
A falta de consenso reprime
A ciência e a cultura;
O império da ignorância
Vociferado por boçais.
O silêncio da razão:
A apoteose do entretenimento...
Um vazio totalitário
Que ameaça o livre pensamento.
A censura do contraditório,
A negação da liberdade...
Nos dias de hoje
É o decrépito e o caos.
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