E aí moçada???? Estamos disponibilizando o programa piloto do Canal Garimpo S, cujo objetivo é resgatar artistas nacionais e/ou internacionais e canções (sejam "hits" ou poderosos "lados B"). Em nosso primeiro programa, a joia resgatada vem do início dos anos 1980 e é a carioca banda Blitz, formada por: Evandro Mesquita, guitarra e voz; Fernanda Abreu, backing vocal; Marcia Bulcão, backing vocal; Ricardo Barreto, guitarra; Antônio Pedro Fortuna, baixo; William "Billy" Forghieri, teclados; e Lobão (depois substituído por Juba), bateria. Se você gostou deixe o seu like para fortalecer e estimular ainda mais o nosso canal. Bom divertimento!!! Um grande abraço!!!
sábado, 24 de outubro de 2015
Garimpo S - Programa Piloto - Blitz
E aí moçada???? Estamos disponibilizando o programa piloto do Canal Garimpo S, cujo objetivo é resgatar artistas nacionais e/ou internacionais e canções (sejam "hits" ou poderosos "lados B"). Em nosso primeiro programa, a joia resgatada vem do início dos anos 1980 e é a carioca banda Blitz, formada por: Evandro Mesquita, guitarra e voz; Fernanda Abreu, backing vocal; Marcia Bulcão, backing vocal; Ricardo Barreto, guitarra; Antônio Pedro Fortuna, baixo; William "Billy" Forghieri, teclados; e Lobão (depois substituído por Juba), bateria. Se você gostou deixe o seu like para fortalecer e estimular ainda mais o nosso canal. Bom divertimento!!! Um grande abraço!!!
sábado, 19 de setembro de 2015
Brasil “Pátria Educadora”?
Fábio Augusto da Silva
Lima
Contato: fabioasl@gmail.com
No primeiro semestre de 2015, início do 2º
mandato da Presidente Dilma Roussef, o slogan adotado pelo novo governo foi
“Brasil: Pátria Educadora”. A partir dessa bandeira, acreditava-se que o país,
enfim, teria a educação como prioridade nacional. Mas, no Brasil, o que ainda prevalece, em
termos de políticas públicas, são as propagandas e o marketing, em oposição às
iniciativas reais e concretas.
Isso porque, acreditava-se que a educação, de
fato, seria o instrumento de transformação do país. No entanto, o que estamos
vendo na prática, é bem diferente. São muitos fatos que vão na contramão desse
slogan, a começar pelo documento que fundamentou a nossa “Pátria Educadora”. A
primeira contradição é que ele foi elaborado pela Secretária de Assuntos
Estratégicos (SAE) da Presidência da República, comandado pelo ministro
Mangabeira Unger, sem nenhuma participação do Ministério da Educação, que é
quem deveria ter conduzido às discussões a respeito desse tema.
Se por um lado, o documento apresenta apontamentos
importantes, como a questão dos eixos a serem alcançados pela educação
nacional, como cooperação federativa, reorientação do currículo, qualificação
de diretores e professores e aproveitamento de novas tecnologias, por outro
lado, percebe-se claramente um ponto de vista reducionista e conservador de
educação, com uma visão homogênea de país, desconsiderando sua diversidade cultural
e desigualdades sociais. Fala-se muito pouco dos avanços na área da educação
nos últimos anos, e ainda, em sua essência, resgata teorias pedagógicas
ultrapassadas, de carência cultural, culpabilizando, por exemplo, os mais
pobres pelos baixos índices educacionais do IDEB, dentre outros pontos
polêmicos.
Outro elemento importante é que o
documento, em nenhum momento, cita o Plano Nacional da Educação, aprovado em
2014 e que foi uma grande conquista dos movimentos sociais em defesa da
educação pública, bem como de todos os agentes escolares envolvidos, desde
alunos, professores e gestores, já que o PNE buscou reconhecer a diversidade
socioeconômica, regional e cultural da população brasileira, respondendo aos
desafios colocados pelo século XXI e aos problemas educacionais a serem
enfrentados pelo país, estabelecendo 20 metas a serem alcançados pela educação
brasileira nos próximos 10 anos.
Sobre isso, há muitos obstáculos a serem
superados pela educação nacional, como a questão do currículo, da formação de
professores, da falta de docentes para atuar nas disciplinas da Educação Básica,
a questão do acesso e permanência na escola pública, o alto índice de evasão
escolar, principalmente no Ensino Médio, a inclusão e diversidade, a qualidade
do ensino, dentre outros aspectos.
Por exemplo, a questão do currículo é
bastante polemica. No documento “Pátria Educadora” defende-se o estabelecimento
de uma Base Nacional Comum para todo o território brasileiro. Mas a questão é,
o que os alunos precisam aprender? Quais
capacidades e competências são necessárias para viver e atuar numa sociedade
tecnológica como a nossa? Porque pensar em desenvolvimento de competências socioemocionais
para determinados perfis de alunos em situação de risco, quando podemos pensar
e propor um currículo para seu desenvolvimento integral?
Além disso, há que se considerar a enorme
resistência de algumas redes, inclusive de uma parcela significativa de
professores em adotarem novas posturas e metodologias de ensino. Exemplo disso foi
os dados divulgados sobre os resultados da última edição do ENEM. Apesar de
minoritárias, as melhores escolas públicas avaliadas pelo exame nacional são em
sua maioria colégios federais, que oferecem cursos técnicos e realizam seleção
de alunos. No mais, contam com uma grade curricular extremamente tradicional e
conservadora, pautados pelos exames, eficiência e meritocracia.
No que se refere à formação de professores,
há um grande abismo entre o que se ensina nos cursos de formação em
licenciatura das Universidades e Faculdades da realidade dos alunos, das
escolas públicas brasileiras. Como diz o educador português José Pacheco,
formamos professores do século XX para trabalhar com alunos do século XXI. Quer
dizer, há um grande distanciamento das teorias e das práticas pedagógicas.
Sendo assim, diante das adversidades e da falta
de atratividade da carreira, já começamos a conviver com a falta de professores.
Segundo dados do MEC, em seis anos, 40% dos professores do Ensino Médio já terão
condições para se aposentar. Sem contar o adoecimento de parcela significativa
de professores na atualidade, que trabalham em condições precárias nas escolas,
que sofrem com a falta de estrutura, de materiais, sem contar com a baixa
remuneração salarial. Além do mais, estão cada vez mais expostos a situações de
indisciplina e violência.
Por outro lado, diante dessa conjuntura, não
há muito interesse pela carreira do Magistério. Segundo pesquisa recente, do
ano de 2011, da Fundação Carlos Chagas, apenas 2% dos jovens concluintes do
Ensino Médio manifestou interesse em cursar Pedagogia ou alguma outra
licenciatura, o que é preocupante, já que a meta 15 do Plano Nacional de
Educação estabelece que, até 2024, todos os professores da educação básica
tenham curso superior. Mas como garantir isso, se não temos sequer à previsão de
formação do contingente mínimo de professores para atuar na educação básica em
um futuro próximo?
O ponto da permanência na escola é outro
fator importante. Se por um lado, alcançamos a universalização do ensino fundamental,
já que mais de 98% dos alunos dessa etapa estão matriculados na escola, por
outro lado, a evasão escolar ainda é muito alta, principalmente no Ensino
Médio. Nessa etapa de ensino, levando em consideração a média nacional do ano
de 2013, cerca de 60% da população em idade escolar (de 15 a 17 anos) estavam matriculados
na escola. Além de ser um número baixo de matriculas, considerando o tamanho da
população brasileira nessa faixa etária, dificulta a meta 3 do PNE, que
estabelece que esse número chegue a 85% em 10 anos. Além do mais, não há
garantias de que todos vão concluir essa etapa de escolarização. Muitos, por
diversos motivos, acabam desistindo dos estudos.
A questão do Ensino Médio é estratégica à qualificação
da educação do país. Isso porque ele é o caminho natural para as matrículas ao
Ensino Superior. Nesse sentido, o ENEM foi uma importante politica pública de
acesso as Universidades públicas, por meio do SISU, e das Universidades
privadas, por meio do PROUNI e do FIES. No entanto, prevalece no Brasil à
seletividade, a cultura do vestibular, que faz com que aqueles que têm melhores
condições sociais e culturais tenham mais oportunidades. Desse modo, essas
politicas afirmativas ainda são insuficientes para solucionar a exclusão da
maioria dos jovens da escola pública ao Ensino Superior, visto que a maioria
das vagas oferecidas é preenchida por alunos da rede particular de ensino.
Se não bastasse tudo isso, ainda
enfrentamos uma das piores crises financeiras dos últimos anos. Desse modo,
tem-se reduzido cada vez mais o orçamento de todos os governos, em todas as
esferas, Federal, Estadual e Municipal. Com isso, houve muitos cortes de
orçamento, inclusive do próprio Ministério da Educação.
Daí que vem a maior contradição: um país
que tem como slogan “Pátria Educadora” não há tem como prioridade? Ou seja, diz
que ela é importante nos discursos, mas na prática prevalece ainda uma visão
economicista de gestão, de corte de gastos em detrimento da educação. Mas será
que a educação é gasto?
Ora, quem não investe na educação do seu
país não pode querer que ele mude. Se o Brasil realmente quiser sair da
condição desfavorável em que se encontra e for um país que supere suas dificuldades
e desigualdades, que seja referência em pesquisa e tecnologia, que seja
protagonista nos Exames Internacionais de Avaliação, como o PISA, e não apenas
coadjuvante, com desempenho abaixo de países de mesmo porte, dentre outros
aspectos, deverá mudar os rumos de sua educação.
No mais, a educação é urgente e deve ser prioridade
absoluta de qualquer governo, mas não só como propaganda, mas com politicas
educacionais efetivas, de estratégia, investimentos e melhorias, a começar por
cumprir todas as metas do Plano Nacional de Educação, investindo na educação
básica, desde a pré-escola, em melhores condições de trabalho, na melhoria da remuneração
dos professores dentre outras iniciativas porque investir em educação é
investir no futuro do país, nas novas gerações que poderão ter enfim, o orgulho
de ser uma “Pátria Educadora” de fato.
sábado, 22 de agosto de 2015
Os boleros do Rock and Roll
Cléder Aparecido Santa-Fé
E-mail: casantafe83@gmail.com
Nos anos 1960 ocorreu uma revolução no mundo da música. Diversos estilos e movimentos musicais surgiram sincronizados, pautados na miscigenação de ritmos regionais com outros de determinadas classes sociais. A Bossa Nova, no final da década de 1950, incorporou elementos do jazz americano com o samba brasileiro. O Tropicalismo, no final dos anos 1960, confrontou o conservadorismo xenofóbico da passeata contra a guitarra elétrica e criou uma concepção musical antropofágica, incorporando elementos do rock and roll com a música popular brasileira, fermentando diversas experimentações e trazendo para cultura brasileira diversas inovações estéticas. O que os tropicalistas viram de relevante no rock para incorporá-lo ao movimento?
O rock and roll, principalmente nos anos 1960 e 1970, possuiu um caráter muito camaleônico, além do que sua gênese é oriunda da fusão do blues, gênero musical concebido pelos negros americanos, com o country, estilo regional e rural, conhecido pelo slogan "blues feito por brancos americanos".
Ai você certamente está pensando: O que isso tem a ver com os boleros do rock and roll?
A resposta está no espirito democrático e experimentalista do rock produzido no período supracitado. Nesse breve artigo vou expor minha experiência com três boleros produzidos por grandes nomes do rock mundial, a saber: Beck's Bolero do Jeff Beck Group; Abbandon 's Bolero de Emerson, Lake and Palmer e The Devil Triangle do King Crimson.
As três canções possuem influência da música clássica, mais precisamente do bolero composto por Maurice Ravel no início do século XX. De acordo com o Wikipédia (2015), a estrutura do Bolero de Ravel atende por um ritmo invariável, melodia uniforme e com repetitiva sensação de mudança efetuada pelos efeitos desorquestração e dinâmica, com um crescendo progressivo e uma curta modulação próxima ao fim.
Em 1967 foi lançada ao mundo a música Beck's Bolero, da banda Jeff Beck Group, este sendo o último dos três boleros que eu tive contato. Cronologicamente é o mais antigo das três canções e aparenta possuir maior inovação e pioneirismo na fusão da música clássica com o rock, visto que toda estrutura rítmica é resgatada do bolero clássico. Os elementos do rock and roll estão nos solos virtuosos da guitarra de Beck e na mudança de ritmo no meio da canção para um hard rock furioso. Sem dúvidas uma fantástica fusão das duas distintas linguagens musicais.
Em 1971, a banda de rock progressivo King Crimson, em seu segundo álbum "The Wake of Poseidon", utilizou a estrutura de bolero na canção "The Devil Triangle", porém com a mistura de mellotron e sintetizadores que tiveram por intuito causar o maior pavor ao ouvinte. A intenção da banda, nessa peça, era trazer ao ouvinte as sensações de medo, horror, desespero, angústia com a estrutura repetitiva do bolero causando um crescente desconforto. Este bolero foi o segundo ao qual tive acesso.
Por fim, em 1972, a banda Emerson, Lake and Palmer lançou, no álbum Trilogy, a música Abbandon's Bolero. Esta peça possui estrutura rítmica de bolero e harmonização com vários sintetizadores. Esta versão ficou próxima de uma versão eletrônica. Interessante notar que este bolero destoa dos demais por apresentar uma característica mais otimista e próxima dos concertos de música clássica. A versão ao vivo comprova este peculiar fator.
Estas canções sintetizam o quanto o rock and roll, como gênero de música popular, aproximou-se do conceito de "arte". Infelizmente a indústria cultural conseguiu padronizar este gênero, tornando-o lucrativo aos empresários de entretenimento.
Para quem quiser conhecer as três músicas abordadas, estou deixando os links de acesso. Um abraço a todos e um salve a boa música.
Estas canções sintetizam o quanto o rock and roll, como gênero de música popular, aproximou-se do conceito de "arte". Infelizmente a indústria cultural conseguiu padronizar este gênero, tornando-o lucrativo aos empresários de entretenimento.
Para quem quiser conhecer as três músicas abordadas, estou deixando os links de acesso. Um abraço a todos e um salve a boa música.
Emerson, Lake & Palmer - Abaddon's Bolero (From Works Live)
https://www.youtube.com/watch?v=guAgk8ZANUcKing Crimson - The Devil's Triangle
https://www.youtube.com/watch?v=BLklkXwEMvMBeck's Bolero (1967) by the Jeff Beck Group
https://www.youtube.com/watch?v=nmO0OZC6Ifksábado, 8 de agosto de 2015
Zé e Zappa: A reinvenção da vanguarda e o resgate da concepção de Stravinsky
Os anos 1960 ficaram marcados por ser a década em que houve uma
revolução cultural imensurável em nível mundial. Nesse período destaca-se a
consolidação do nascente rock and roll e sua explosão em âmbito mundial,
através da beatlemania e posteriormente do movimento hippie. Neste período, no Brasil, também temos um
turbilhão cultural se desenvolvendo, através do apogeu da contracultura, da bossa
nova, da música de protesto e do tropicalismo.
Na política, essa década do século XX ficou marcada pela instalação de
regimes autoritários em países da América Latina, pela política externa
intervencionista norte-americana que resultou na Guerra no Vietnã, pelo
movimento ocorrido na França, denominado “maio de 1968”, no qual setores
estudantis e, posteriormente, do proletariado francês reivindicaram do governo
a execução de reformas nas políticas educacionais francesas.
A apresentação desse contexto histórico é necessária para analisarmos o
cenário no qual surgiram os dois maiores nomes da música de vanguarda deste
período: Tom Zé e Frank Zappa.
Sabe-se que ambos os artistas beberam da mesma fonte: a música de Ígor Stravinsky.
Este grande músico, do início século XX, foi um grande experimentalista, com a
criação de obras distantes dos padrões da estética musical, sendo considerado
um compositor inovador, com a predileção, em suas obras, de estruturas rítmicas
e melódicas complexas, além do uso frequente de dissonâncias, despertando a admiração
de Tom Zé e de Frank Zappa.
O baiano Tom Zé participou ativamente do movimento da Tropicália
(1967-1969), sendo um dos principais responsáveis pelo estilo artístico adotado
pelo movimento. Toda sua obra posterior procurou enfatizar, na concepção das
letras e dos arranjos, a fusão de elementos da pop-art, do rock and roll e da
música brasileira com o experimentalismo presentes nas obras de Stravinsky e
demais compositores de vanguarda.
Tom Zé possui álbuns memoráveis, com destaque
aos discos Todos os Olhos de 1974, Estudando o Samba de 1976, Tropicália Lixo
Lógico de 2012, entre outros.
Cabe ressaltar que no Brasil, após o
tropicalismo, sua obra passou despercebida até ganhar notoriedade internacional,
no final dos anos 1980, através do “reconhecimento” de David Byrne, músico da
banda Talking Heads, ao ouvir uma de suas obras.
Byrne ficou admirado pela
estética musical de Tom Zé e resolveu fazer a divulgação de suas canções nos
EUA.
O norte-americano Frank Zappa também possuía forte influência de
compositores de vanguarda (Edgard Varese, Stravinsky e Anton Webern) e
conseguiu incorporar esses elementos com a sua inovadora música com marcante presença
do jazz, do rhythm and blues e do rock and roll em suas composições.
Em toda a
sua carreira, Frank Zappa foi considerado praticante de música underground, e
suas obras continham sátiras aos modismos musicais da época, neste caso, a psicodelia,
a opera rock e o disco. Os principais discos de Zappa são Hot Rats de 1969,
Waka/Jawaka e The Grand Wazoo, ambos de 1972, e You are What You is, etc. Em
1993, Zappa morreu devido ao alastramento de um câncer.
Infelizmente a vida e o destino não possibilitaram que Tom Zé e Frank
Zappa se cruzassem e, talvez, desenvolvessem um trabalho conjunto. Se essa
parceria acontecesse, certamente teríamos ainda mais belíssimas contribuições e
inovações estilísticas musicais. Salve Zé, Salve Zappa!
REFERÊNCIAS:
Wikipédia –
Tom Zé: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom_Z%C3%A9
Wikipédia – Frank Zappa: https://pt.wikipedia.org/wiki/Frank_Zappa
Wikipédia – Stravinsky: https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dgor_Stravinski
quarta-feira, 15 de julho de 2015
E o que a História ensina?
Contato: fabioasl@gmail.com
Em 1989, após a queda do Muro de Berlim e o
fim da Guerra Fria, com o estabelecimento do EUA como grande potência do século
XX, ressurgiu a ideia do fim da história, a partir dos escritos do economista americano
Francis Fukuyama. Desse modo, segundo o
autor, o capitalismo e a democracia teriam se consolidado e o Liberalismo, no
ápice de sua hegemonia, vencido todas as ideologias.
Enfim, dentro dessa lógica, seriam o fim
dos processos históricos anteriores, pois o mundo e a humanidade enfim teriam chegado
ao equilíbrio e progresso proposto pelo filosofo Hegel ainda no século XVIII.
No entanto, Heráclito, filosofo da Grécia
antiga e considerado o pai da História já considerava desde a Antiguidade que
tudo o que existe está em constante mudança ou transformação. Portanto, após um
pouco mais de duas décadas desses postulados liberais, ao analisarmos o contexto
atual, vemos que eles perderam a validade ou não se sustentam mais. Isso porque
a História, ao invés de acabar, continua sua trajetória e fluxo permanente num
mundo em turbulência.
Temos muitos exemplos desse processo, como
por exemplo, os conflitos políticos gerados pela Primavera árabe no Egito em
2011, pelos indignados da Espanha e os manifestantes de Wall Street nos EUA no
mesmo ano, os protestos políticos no Brasil em 2013, dentre outros movimentos pelo
mundo que questionam e criticam a atual ordem dominante e reivindicam novas
demandas, políticas, sociais e econômicas, com mais direitos sociais e
liberdades individuais.
No Brasil, os protestos de 2013 trouxeram à
tona o descontentamento da maioria da população com o sistema político brasileiro
estabelecido, já que não se sentem representados pelos governos, em todas as suas
esferas, federal, estadual e municipal.
Ora, diante desses exemplos, fica evidente
que a História não terminou, pelo contrário, só mostra, na verdade, que esse sistema
se esgotou e não contempla o bem-estar e direito de todos a uma vida digna, já
que é desigual e desumano, privilegiando o lucro dos bancos e das grandes
corporações, e ainda se encontra em crises permanentes.
Além disso, todas as medidas tomadas na
Europa, por exemplo, com o objetivo de superar a crise atual não surtem efeito,
pelo contrário, as medidas de austeridade implementadas nos países da zona do
euro, só aumentam as dificuldades da população mais pobre, com o corte de
direitos e benefícios sociais, afim de se manter os pilares da política
econômica europeia e sustentar os interesses da Troika, do Banco Europeu e do
FMI. Nesse contexto, a Grécia é a vítima da vez dos interesses do capital
financeiro.
Inclusive, o próprio Papa Francisco, que representa
uma das instituições mais conservadoras e mantenedoras desse sistema, a Igreja
Católica, fez duras críticas ao Capitalismo em sua visita recente a Bolívia, afirmando
que ele é uma forma de ditadura sutil, que não se sustenta mais, propondo uma mudança
radical de estrutura, tanto econômica quanto social, pois segundo ele o
Capitalismo “impôs a lógica dos lucros a
qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza”.
Nesse sentido, contrariando as “previsões”
liberais de Fukuyama, a partir do que foi exposto, fica claro que a História, não
só não acabou como ela continua viva, em movimento e continua testemunha de
todas as mudanças estruturais e de suas consequências ao longo dos tempos.
Mas como dizia o grande escritor latino-americano
Eduardo Galeano, “até que os leões tenham
seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuam glorificando o
caçador”. Quer dizer, enquanto a História for contada do ponto de vista
dominante, continuará prevalecendo a gloria dos vencedores, entendam-se
dominadores e opressores, em detrimento dos dominados e oprimidos.
No entanto, não quero me limitar também a
uma visão de história unicamente materialista, de uma perspectiva marxista de
luta de classes, mas indo além, sabemos que a evolução das sociedades humanas é
dinâmica e diversificada, de fato, não podemos nos limitar a um único olhar de
História, mas considerar outros pontos de vista, como a cultura e evolução dos
diferentes povos, por exemplo.
Por fim, considero que outra lição
importante da História, e que está por trás dos processos históricos são as
utopias. Em sua etimologia, segundo o dicionário Houaiss, utopia significaria o
“lugar ou
estado ideal, de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos” Inclusive, o pensador inglês Thomas More (1478-1535) escreveu
ainda na Idade Média a sua obra mais conhecida, intitulada Utopia. Nela, o
autor propõe a existência de uma sociedade ideal, alternativa ao estado
absolutista inglês, no qual ele vivia. Portanto, idealiza uma sociedade livre,
tolerante, que respeite a diversidade e que viva em harmonia, sendo justa e
democrática.
Desde então, são as
utopias que movem e continuam movendo o ser humano na busca de sua essência. É
fato, ela está na sua origem, na sua memória coletiva. Como bem disse, mais uma
vez Eduardo Galeano, “A utopia está lá no
horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminhos dez
passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais
alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.
”
Portanto,
a todos aqueles que acreditam na História e nas utopias, caminhemos, pois mais
importante do que pensar no futuro e olhar para o passado. Mas não só olhar,
mas, sobretudo, aprender com ele. Essa é a maior lição!!!
Referências:
BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. IN
BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. São Paulo: Brasiliense, 1989.
GALEANO, Eduardo. O Livro dos Abraços. Porto
Alegre: L&PM, 1995.
MORE, Thomas. Utopia. Tradução de Pietro Nasetti.
São Paulo: Martin Claret, 2005.
sexta-feira, 3 de julho de 2015
O Fortalecimento da Cidadania contra o Desmonte do Processo Democrático
Cléder Aparecido Santa-Fé
E-mail: casantafe83@gmail.com.br
Após
toda a repercussão contra a manobra antidemocrática aplicada por Eduardo Cunha
na “aprovação” da redução da maioridade penal, torna-se oportuno tecer uma
breve reflexão sobre o fortalecimento da cidadania e sua importância contra o
desmonte do processo democrático.
Alguns
autores, da filosofia e da ciência política, são de suma importância para compreendermos
a participação popular. Alexis de Tocqueville,
pensador político do século XIX, destaca o papel da sociedade civil no sistema
democrático, destacando que uma democracia efetiva resulta do conhecimento da
população sobre as questões públicas, ou seja, a ação política de um povo
definirá a existência de um governo liberal ou tirânico.
Para
Gramsci, pensador marxista do século XX, é na arena da sociedade civil que as
classes sociais buscam legitimar sua hegemonia, através da difusão ideológica
exercida por igrejas, partidos políticos, sindicatos, a mídia, entre outros
atores. Portanto, o sistema democrático
é a arena politica para que as classes subalternas possam lutar por conquistas
sociais e, em longo prazo, pela superação do sistema capitalista.
Maria
Lourdes Manzini Covre, no livro “O que é cidadania?”, alerta sobre os entraves na
efetivação da cidadania, uma vez que os detentores do poder procuram promover
ações voltadas aos seus interesses, ainda que disfarçadas de interesse público.
Este é o caso da manobra atrelada por Cunha que sobrepôs os interesses da
bancada da bala aos interesses da sociedade brasileira.
Diante desses conceitos, a
nossa ação cidadã é determinante para legitimar ou repudiar ações totalitárias
em um regime democrático, visto que uma cidadania efetiva, para além do direito
ao voto, deve ser fruto da reivindicação, da manifestação e da participação popular
na “coisa pública”.
Obs: Gostaria de pedir desculpas por
possíveis reducionismos teóricos, uma vez que a proposta deste artigo é trazer
breves reflexões sobre o contexto político atual do nosso país.
REFERÊNCIAS:
MANZINI-COVRE,
M. L. O que é cidadania. São Paulo: Brasiliense, 2001.
VIOLIN,
T.C. A Sociedade Civil e o Estado Ampliado, por Antonio Gramsci, Revista
Eletrônica do CEJUR, v. 1, n. 1, ago./dez. 2006. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/cejur/article/view/14846/9966>.
Acesso em 03-07-2015.
TOCQUEVILLE,
Alex: “A democracia na América”. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Universidade
de São Paulo, 1987.
domingo, 29 de março de 2015
A quem serve a mídia nacional?
Fábio
Augusto da Silva Lima
Contanto:
fabioasl@gmail.com
Na
letra da música Soldado, da Legião Urbana, Renato Russo indaga “Quem é o inimigo, quem é você?” Ao ouvi-la,
fiquei pensando quem seria um dos inimigos do desenvolvimento do país e
esclarecimento a respeito do atual cenário politico brasileiro. Não há como não
ver a grande imprensa (Globo, Veja, Bandeirantes, Folha, Estadão, UOL, dentre
outras) como a vilã dessa história.
Pra
começar, fica evidente a falta de imparcialidade e a visibilidade que ela dá
aos fatos recentes. No caso do Governo Federal, governado pelo PT, da politica
econômica e dos casos de corrupção na Petrobras, há uma verdadeira ofensiva e
exploração do assunto, cada vez maior. Não vou me aprofundar sobre esses fatos,
pois reconheço que eles existem, há muitos problemas no país, nas mais
diferentes esferas, como inflação alta, queda na taxa de emprego, diminuição do
poder de compra da população, problemas de infraestrutura, etc. Também entendo
que é intolerável os casos de corrupção na Petrobrás, que sim, devem ser
investigados, mas que fique bem claro, não só da gestão dos governos Lula e
Dilma, mas desde o governo FHC, pois há indícios que indicam que esse esquema
existe desde os anos 90, com a punição daqueles que estiverem envolvidos e se
beneficiaram ilicitamente de recursos públicos.
Inclusive,
considero legitima as manifestações contra o governo, ocorridas no último dia
15 de março, que reuniu milhares de pessoas em algumas cidades do país,
principalmente na cidade de São Paulo, afinal, vivemos em um país livre e
democrático, aliás, liberdade e democracia conquistada por muitos brasileiros
que lutaram e deram sua vida por essa causa. Inclusive a própria imprensa se beneficiou
disso, com a conquista da liberdade de expressão.
Evidente
que a crítica política é importante e necessária, mas ela deve se concretizar
em propostas e soluções alternativas. Além disso, a mídia não deve ser
partidária, pelo contrário, ela deve ser democrática e imparcial. No entanto,
não é o que temos visto. Foi explicita a
manipulação exercida pela grande imprensa em torno dessa manifestação, quem
acompanhou a cobertura do evento pela Rede Globo, por exemplo, percebeu isso
claramente. A cada 10 minutos havia uma
chamada na programação induzindo a população a comparecer ao evento, de maneira
quase ufanista, parecia até jogo da seleção brasileira, mas não era. O que
estava nas entrelinhas era o descontentamento da emissora em torno do atual
governo, por isso, a mensagem do contra, do quanto pior, melhor. Ou seja,
propagaram, de forma oculta, a todo o momento a mensagem do fora Dilma,
plantando uma crise institucional, com a intenção de enfraquecer o governo
federal, abrindo brecha para insatisfações e revolta da população. Ouviam-se
muitos discursos de impeachment e até mesmo a volta da ditadura militar por
parte de alguns pouco informados da história recente do país.
Por
outro lado, deu-se pouca ênfase as manifestações realizadas por todo o país, no
dia 13 de março, a favor dos direitos trabalhistas, da Petrobras e contra o
retrocesso e a corrupção, que foi realizado pelas centrais sindicais e pelos
movimentos sociais, e que contou com um número expressivo de participantes.
A
ironia é que essa mesma imprensa é financiada, em grande parte, pelo próprio
governo, por meio de recursos federais. Notem que a maioria das emissoras que
criticam e exploram a Operação Lava Jato da Petrobrás, são beneficiadas com a
veiculação de propagandas institucionais da mesma empresa.
Outra
questão é que não vejo a mesma vontade e disposição dessa mesma imprensa em denunciar
os governos do seu agrado, do qual tem laços e interesses, tanto a nível
estadual quanto municipal. Um exemplo interessante é a cobertura feita pela
mesma imprensa em torno da greve dos professores do Estado do Paraná e agora do
Estado de São Paulo, ambos governados pelo PSDB. Nenhuma manchete nos jornais
de grande circulação, nem uma nota nos telejornais. Será que essa não é uma
causa importante, legitima, digna de noticiário? Estranho, mais de 30.000
professores na Avenida Paulista, principal centro econômico e financeiro do
país, em pleno dia de semana, como assim? Talvez a manifestação tenha
coincidido com uma chuva forte, que alagou vários pontos da cidade no mesmo dia
e trouxe muitos prejuízos? Pode até ser, pois explorar a tragédia humana dá
mais ibope do que divulgar a luta pela educação e por melhores condições de
trabalho dos professores estaduais.
Felizmente,
hoje temos a internet e não somos mais reféns de uma única fonte de informação.
Aliás a greve dos professores do Paraná só teve êxito e foi vitoriosa pelo
fato, claro, além da luta e resistência dos trabalhadores, mas também pela
comunicação e mobilização realizada por meio das redes sociais.
Bom,
isso foi só um exemplo da seletividade da cobertura dos eventos atuais feitos
pela grande imprensa. Não vou nem entrar no mérito da cobertura de outros
eventos importantes no Estado de SP, como a crise hídrica, os casos de
corrupção no Metrô de SP, os cortes atuais nos orçamentos da Saúde e da
Educação feitos pelo Governo Estadual, etc. Enfim, também não vou me aprofundar
nos problemas do município, afinal, nós sabemos e vivemos todos os dias com
mato alto, buracos nas ruas, vazamento de água, falta de infraestrutura, de
mobilidade urbana, etc.
Mas
tudo isso não importa, o importante é criticar o governo federal, a Presidente
Dilma e o PT. O pior é que muitos, desinformados ou manipulados, vão na onda do
golpismo midiático. No entanto, como diz o ditado popular, para bom entendedor,
meio palavra basta, é evidente que essa postura da imprensa é uma clara opção
politica a favor de um grupo, de um partido, de um projeto de país, no qual vai
defender até o fim, por isso promovem o ódio e discórdia contra o atual
governo.
Sendo
assim, o que interessa a grande imprensa não é o Estado, não é a justiça nem o
bem estar da população, mas sim, o poder, alias, o que
está em jogo é a tomada do poder, para agradar seus interesses privados e corporativos,
sua ideologia, enfim, ao Mercado Financeiro. Desse modo, podemos concluir que a
mídia nacional não serve ao povo brasileiro, pois ela não informa, desinforma,
não educa, deseduca. Portanto, essa imprensa que está aí só interessa aos
conservadores de plantão, as elites brasileiras e estrangeiras que lucram cada
vez mais com a destruição do Estado nacional.
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