domingo, 24 de novembro de 2013

Indust-realidade



Clóvis Santa Fé Junior
clovis.santafejr@ig.com.br

Recomendo fortemente que vejam este vídeo e reflitam sobre o modo de vida que estamos levando. Há várias implicações que poderia levantar aqui, mas uma das principais está relacionada com o provérbio "o que os olhos não vêem o coração não sente". Estamos nos tornando de todo insensíveis? Isso pode se virar contra nós?

Esse vídeo expõe bem a discussão final do texto "A Técnica", em que discutimos na FATEC - Sertãozinho algumas constatações propostas pela Teoria Crítica Frankfurtiana (representada principalmente por Horkheimer, Adorno e Marcuse) sobre nossa sociedade administrada pela razão instrumental e não pela razão vital. Essa mesma discussão me faz lembrar como os irmãos Wachowski (criadores do Filme Matrix) possuem certa genialidade ao problematizarem em seus filmes essa questão da "insensibilidade" trazida por uma sociedade tecnológica. Em Matrix, principalmente na cena em que mostram que os seres humanos não nascem mas são cultivados muito semelhante aos porcos neste vídeo. E em seu novo filme, "A Viagem" (Cloud Atlas), os irmãos retomam esse questionamento mostrando o que se fazia com as garçonetes da Nova Seul de 2113.

Aí está o perigo de uma sociedade altamente tecnológica, a desumanização completa. E, por este motivo, a questão da Liberdade tratada em seus filmes se torna primordial. Liberdade ali é sensibilidade, colocar-se no lugar da diferença, no lugar do outro. O problema essencial então que procuram apontar é que nossa insensibilidade - nutrida por uma tecnologia produzida por uma sociedade que mais aliena do que liberta - pode crescer a um ponto de criarmos duas categorias de humanos: humanos (ricos) e sub-humanos (pobres).

Daí o que acontecer aos seres humanos de 2ª categoria não terá a mínima importância. Por isso, a importância da discussão de Alvin Toffler sobre o surgimento da civilização de Terceira Onda e qual o lado que apoiamos. Baseando-me nele posso afirmar que o que se vê neste vídeo é o pensamento de 2ª Onda se realizando concretamente.

Não há espaço aqui para o "espanto filosófico", só padronização, padronização e padronização. Mas creio ainda haver tempo para fazer diferente e colocar a tecnologia (Razão Instrumental) submissa aos princípios da Razão Vital. Por isso os rumos da Política daqui para frente (uma nova política?) será crucial como nunca antes. Que tal refletirmos sobre isso? 

Abraço a todos!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A felicidade materializada



Fabio Augusto da Silva Lima
Contato: fabioasl@gmail.com

O grande filósofo grego Epicuro, defende na obra Carta sobre a felicidade, que o prazer é o inicio e o fim de uma vida feliz. No entanto, também alertava para a necessidade do cuidado com a busca indiscriminada pelo prazer, pois isso, ao invés de trazer satisfação, teria o efeito contrário, ou seja, resultaria em dor e sofrimento.

Já no século XVIII, os filósofos do iluminismo francês defendem a ideia da felicidade enquanto o objetivo supremo de cada individuo. Para tanto, esse ideal deve ser alcançado por meio da conquista da liberdade, necessária tanto para o desenvolvimento das capacidades físicas e intelectuais do individuo quanto para sua atuação na vida política.

Na nossa sociedade contemporânea, o conceito de felicidade mudou radicalmente. Na verdade, nos dias de hoje, a felicidade está associada ao progresso pessoal, profissional e, sobretudo material. De fato, defende-se que esse progresso seria necessário para a conquista do prazer, da satisfação e a realização do individuo.

A questão que se coloca é que essa busca, dentro da lógica capitalista, se dá pelo viés mercadológico, ou seja, pela via do consumo. Nesse sentido, numa sociedade de mercado, tudo se torna mercadoria. Na verdade, vivemos num mundo com apelos mercadológicos constantes, onde até os prazeres são mercantilizados.

Portanto, no mundo liquido moderno, para usar a expressão do sociólogo Zygmunt Baumann, a felicidade mais do que um ideal, se torna um produto. Felicidade materializada. Dessa forma, para alcançá-la, é preciso consumir cada vez mais, de todas as formas possíveis, inclusive o próprio consumo de imagens. Veja por exemplo os shoppings Center, que representam o grande palco do fetichismo da mercadoria.

Desse modo, como descreve o historiador brasileiro Jacob Gorender, a sociedade capitalista também se apresenta como sociedade do espetáculo. Ou seja, importa mais do que tudo a imagem, a aparência, a exibição. A ostentação do consumo vale mais que o próprio consumo. A aparência se impõe a existência. Parecer é mais importante do que ser.

Além disso, a ansiedade, a impulsividade, o imediatismo e o comportamento de risco, por exemplo, passaram a ser fatos corriqueiros na vida das pessoas. Tudo se torna efêmero e transitório. Basta clicar um botão e estamos conectados ou desconectados, tudo vai depender do tamanho do nosso tédio.

 O problema é que esse estilo de vida tem levado a uma insatisfação e o adoecimento cada vez maior dos indivíduos, pois nunca se está satisfeito, é preciso sempre mais. Com isso, sentimentos como impotência, tristeza e solidão têm sido cada vez mais constantes. Não por acaso, segundo previsões da Organização Mundial da Saúde, a depressão será a doença do século XXI.

Além dos males que o atual contexto acarreta no plano individual, há também um prejuízo no plano coletivo. Primeiro porque esse progresso material é conquistado através da destruição do Meio ambiente. Para observar isso, não é preciso muito, é só olhar o nosso entorno e ver a cidade com seus prédios e carrões, com um crescimento sem medidas e desenfreado por um lado e o desmatamento e a poluição do outro. Segundo porque impera no nosso mundo o individualismo, a segregação e a competitividade em detrimento da participação política, da solidariedade e da coletividade entre as pessoas.

No entanto, gostaria de enfatizar que apesar dos pesares, nem tudo está perdido. É inegável que a sociedade avançou em muitas áreas, a tecnologia, por exemplo, contribui muito para a transformação dos meios de comunicação, permitindo uma verdadeira revolução digital e novas possibilidades de interação entre os indivíduos. O problema é que há ainda uma privatização sobre esses meios, não se enganem, são as grandes corporações que controlam, operam e monopolizam tudo o que é produzido.

Sendo assim, diante do que foi exposto, fica a pergunta: será possível superar essa realidade e resgatar o conceito original de felicidade?  Acredito que sim, no entanto, é preciso construir alternativas, de modos de viver diferente. Para tanto, é necessário urgentemente romper com esse estilo de vida consumista, com a promoção de valores humanos universais de igualdade entre as pessoas e a garantia dos direitos básicos, como saúde, alimentação, educação, moradia e lazer, entre outros, além da preservação dos recursos naturais essências para nossa sobrevivência.

Desse modo, para além de uma lei proposta pelo senado brasileiro que institui o direito a felicidade, um bom começo seria a mudança da nossa postura contra essa lógica perversa, pois como defende o cientista político Jonh Holoway “nossa força depende da capacidade de dizermos não”.  

domingo, 13 de outubro de 2013

Novos Tempos?

Cléder Aparecido Santa-Fé
Contato: casantafe83@gmail.com

Prezados leitores!

É de conhecimento da maioria, por meio de vinculação nos noticiários, a dificuldade encontrada pelos adeptos do novo partido denominado "Rede Sustentabilidade" no seu processo de legalização junto ao TSE. O mais intrigante de tudo isso não é a aliança forçada com o PSB, ou como diria a própria Marina Silva, o plano C à disputa do pleito presidencial, mas sim a prevaricação, até que ponto intencional, na regularização deste partido.

A REDE vem a público com a divulgação de novas propostas e enriquecimento do debate político em âmbito nacional, permitindo experienciar uma ótica para além da bigamia industrialista presentes nos atuais partidos dominantes deste país: PSDB e PT.

É evidente que há outros interesses na perpetuação da ilegalidade deste partido, pois, conforme foi dito pela própria Marina, alguns segmentos do mercado não seriam contemplados pelo partido, devido estes possuírem objetivos antagônicos às diretrizes partidárias estabelecidas pela REDE.

Em suma, a "ilegalidade" da REDE se constitui em um retrocesso político, visto que os cidadãos não terão a escolha de conhecerem os novos conceitos políticos emergentes, ficando o debate centralizado nas diretrizes estabelecidas pelas duas maiores legendas deste país.

Qual é a sua opinião a respeito deste fato?


Abraço a todos e boa semana!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fatos (A Consequência)


Cléder Aparecido Santa-Fé
Contato: casantafe83@gmail.com


É muito engraçado como os fatos na atualidade estão cada vez mais instantâneos e, de certa forma, aparentemente descartáveis.  Parece que vivenciamos constantemente o similar, visto que as notícias se repetem, levando ao ouvinte, telespectador e internauta manifestar sensações de indiferença, vazio e diversos outros sentimentos acerca dos acontecimentos do velho vasto mundo.

Em 2001, eu escrevi uma canção que aborda, quase em sua totalidade, o ser humano dos séculos XX e XXI. A atual humanidade está sendo frequentemente bombardeada com informações e, na maioria das vezes, as percepções destes fatos acabam sendo manipulados ou sem significado concreto ao destinatário da informação.  Nesse caos de acontecimentos, aparentemente sem ligação, existe uma idéia maior que embasa todo o significado dos fatos fragmentados e dissociados, caracterizando, portanto, os hábitos e costumes da nossa sociedade atual.

Diante disso, segue para apreciação de todos a canção intitulada “Fatos (A Consequência)” de minha autoria.

FATOS (A consequência)” (Cléder Aparecido Santa Fé)

Os rumores da existência.
O álibi do inconsciente.
A existência de dois planos.
A criação e o criador.

A evolução da criatura.
A lógica da profecia.
O poder de sedução.
A psicanálise do ser.

A pluralidade das etnias.
A diversidade de opiniões.
O exemplo de sociedades.
O êxito da transição.

O epílogo da vida.
A utopia do aprender.
As fontes insaciáveis de consumo.
Os opostos que se atraem.

Existência, inconsciente,
Etnias, sociedades,
Sedução e consumo.

Bom final de semana a todos e até a próxima.

terça-feira, 25 de junho de 2013

“A DEMOCRACIA COMO VALOR UNIVERSAL”


Clóvis Santa Fé Jr[1]

Começo meu texto me apropriando do título do ensaio do saudoso filósofo político Carlos Nelson Coutinho   um dos textos que li durante a faculdade e que me impactou profundamente    para discorrer sobre os últimos eventos envolvendo as manifestações populares que tomam as ruas de todo o país, das quais tanto me alegro mas também me preocupam. E faço isso não por acaso, mas pela necessidade urgente de que pensemos os “caminhos” que essas passeatas estão tomando, perpassadas pelo “ressentimento” e até por uma certa intolerância. 

É certo a existência de uma crise de nossas instituições políticas, que parece revelar a falência da forma “partido” como mecanismo de representação política dos anseios dos vários segmentos que compõem a sociedade como um todo. Isso fica muito claro em frases de efeito que aparecem pintadas nos diversos cartazes e/ou faixas dos manifestantes, como por exemplo, “nenhum Partido me representa” ou “nem esquerda nem direita, eu quero seguir em frente”. Para mim, ser “apartidário” não obriga que o mundo seja também e vice-versa. Já disse uma vez que o mundo das "plenas certezas" é solo fértil para pensamentos totalitários. 

Quando lidamos com o conceito “democracia”, que pressupõe “liberdade de expressão e pensamento”, é preciso respeitar a existência das diferentes formas de pensar o mundo, mesmo que não concordemos com elas. Daí a importância do “Estado Laico”, o qual ao separar o Estado da religião busca garantir a pluralidade de pensamento, crenças (liberdade de culto), ideologias etc. 

Neste sentido, a participação de partidos políticos, que historicamente sempre defenderam causas progressistas, é importante, para não dizer crucial, mesmo que isso se dê de forma “oportunista” num primeiro momento. Impedir a participação nas manifestações de rua das pessoas que possuem ideologia partidária abre caminho para algo mais perigoso, ou seja, o “pensamento totalitário”. Penso que na luta por um Brasil melhor cabe o diálogo com todas as forças progressistas, sejam elas partidárias ou não. E não conseguiremos isso levando a destruição dos canais políticos de diálogo. Dito de outra forma, unidos em nossas reivindicações somos mais fortes do que lutando “uns contra os outros”. 

Digo isso porque “onde o diálogo cala a intolerância em suas múltiplas formas ruge”. Também se faz necessário que façamos uma reflexão cuidadosa no que diz respeito ao surgimento de “pautas espúrias”, como as que pedem o “Impeachment da Dilma” ou ainda uma “intervenção militar”. Essas são reivindicações perigosas e ilegítimas, que grupos com interesse em promover a instabilidade das instituições democráticas estão tentando implantar como pauta principal das manifestações; buscam assim se beneficiarem no final desse processo tomando e/ou manipulando o poder às custas da inocência popular. A Presidente em exercício foi eleita de forma legítima e deve permanecer no cargo até completar o seu mandato mesmo que não gostemos de sua gestão. A desaprovação da presidente deve ser revelada nas próximas eleições através do voto democrático. Isso é a democracia. E não se enganem, essas “reivindicações” (refiro-me ao “impeachment” e a “intervenção militar”) não tornam nossa democracia mais efetiva (e/ou melhor) como fazem imaginar. 

Ao contrário, elas alargam a crise institucional de nossa jovem democracia, e não podemos retroceder nas conquistas que o nosso país conseguiu nos últimos 28 anos (eleições diretas, liberdades democráticas, etc.). Portanto, se o movimento que ocupa as ruas do país não tiver uma agenda clara, pessoas organizadas (que seja até como “associações de bairro” e não “ajuntadas” como estão) e disposição para negociar politicamente a reivindicação dos direitos, caminharemos para a instabilidade do regime democrático. Neste sentido, a possibilidade do retorno de um regime autoritário, seja civil ou militar, passará a ser um dado concreto no horizonte (o qual repúdio totalmente só em pensar em tal possibilidade!!!). Vivemos um momento lindo da história brasileira mas grave devido a nossa fragilidade institucional posta em xeque; um momento em que o povo ocupa as ruas como nunca pensamos ser possível, mas que agora clama por algo inovador, isto é, que as pessoas (incrédulas com os partidos) se organizem em organizações e/ou associações de novo tipo para assumir com outras organizações (partidárias ou não) a interlocução com os governos federal, estadual e municipal e tornar concretas as reivindicações hoje legítimas. As redes sociais na internet mostraram sua importância, cabe a nós agora acrescentá-las de forma inovadora no diálogo democrático com quem nos representa. 

Um novo Brasil e novas instituições democráticas podem estar nascendo a partir desse poderoso “experimento político” que estamos vivenciando, porém “é preciso o cuidado de não jogarmos o bebê junto com a água do banho”. 

Sejam bem-vinda “vozes das ruas”, nossa jovem democracia sentiu muito sua falta!!!


[1] É mestre em Sociologia pelo programa de Pós-graduação em Sociologia da UNESP/FCLAr e docente da Faculdade de Tecnologia de Sertãozinho (FATEC) nas disciplinas “Sociedade, Tecnologia e Inovação” e “Sociologia das Organizações” do curso de Tecnologia em Gestão Empresarial: Processos Gerenciais.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O povo acordou?



 Fabio Augusto da Silva Lima
Contato: fabioasl@gmail.com

Começou a Copa das Confederações no Brasil. Acompanhando a cobertura da mídia em geral e analisando os fatos recentes acerca das manifestações em várias capitais brasileiras contra o aumento das passagens do transporte urbano, mas que sabemos não se resume a isso, a verdade é que vai muito além, me faz lembrar em muito a conjuntura da Ditadura Militar instituída no país em 1964 e que terminou oficialmente em 1985 por meio das diretas já e a redemocratização do país.

Tal comparação não me parece exagero, pois as circunstancias atuais são idênticas, ou seja, insatisfação política e social em meio a repressões em meio a um evento mundial do esporte mais popular do país. Nesse sentido, o Governo brasileiro é o grande protagonista mais uma vez. Mesmo vivendo num suposto Estado Democrático de Direito, os últimos fatos provam o contrario. 


Primeiro porque, mais uma vez, o Futebol é usado como instrumento de alienação do povo brasileiro. Basta lembrarmos a campanha do Governo Brasileiro na Copa de 70, com a ajuda da publicidade e propaganda do Estado, usando da paixão pelo esporte e do carisma da seleção para esconder a repressão do regime, bem como para instalar um clima de harmonia e aceitação na população, reproduzindo assim a ordem vigente. 


A única diferença é que esse evento acontece aqui e que a próxima Copa do Mundo será no Brasil, o que na realidade gera mais um agravante, já que abre a possibilidade de gasto excessivo e de desperdício do dinheiro público, principalmente para construção de estádios, muitos que serão usados somente para Copa e que depois se tornaram “elefantes brancos”, ou seja, sem nenhuma utilidade. 


Na verdade, o evento só favorece alguns poucos privilegiados, políticos e empresários, estes sim os verdadeiros beneficiados. Não é à toa, que um dos lemas das manifestações recentes, inclusive há um grupo político organizado nesse sentido que questiona “Copa para quem?”. 


Segundo porque o Governo, nesse caso, do Estado de São Paulo, tal como fez durante a Ditadura Militar, usa da policia para reprimir manifestações políticas legitimas, porque sabemos que não se trata só de R$0,20 centavos, na verdade, essas manifestações demonstram a insatisfação da maioria da população, cansada de tanto descaso, desrespeito e exploração de uma política que só serve e governa para as elites. Por sua vez, o governo usa da violência excessiva, de maneira truculenta e autoritária para manter as coisas como estão. As imagens falam por si.


Ainda depois vem o governador Geraldo Alckmin, que por sinal, nem estava no Brasil durante o auge das manifestações, dizer que a policia agiu de forma correta, já que se tratava de alguns vândalos que, apoiados por partidos radicais de esquerda, querem desestabilizar seu governo, já que se aproximam as eleições. Nesse sentido, era preciso garantir a ordem, o patrimônio, público e privado e o direito de ir e vir das pessoas.


Bom, diante desse discurso, parece piada, por exemplo, dizer em direito de ir e vir das pessoas numa cidade que tem um dos piores índices de mobilidade urbana, com um sistema de transporte urbano (ônibus, metros e trens) ruim, caro e insuficiente para atender a grande maioria da população que depende de transporte público.


Sem contar que a policia paulista é uma das mais violentas do mundo, que inclusive participou ativamente durante o período ditatorial no país, com perseguições, torturas e mortes de pessoas e grupos que eram contrários ao regime militar, apresentando um currículo de execuções de dar inveja a qualquer exercito do planeta. 


No mais, grande parte da imprensa brasileira, principalmente os grandes grupos, como o Globo, oportunista e sensacionalista como sempre, faz o jogo do gato e rato, agindo como um verdadeiro abutre, usando-se das imagens da violência da maneira que lhe convém, mas não para denunciar o abuso policial ou para discutir as pautas de reivindicações dos manifestantes, mas somente para aumentar sua audiência. E não é só. Como tem ligações escusas com os governos, já que possui concessões e recebe muitas verbas públicas, vendem a imagem dos manifestantes como baderneiros, que só querem agitar, atrapalhar o transito e destruir o patrimônio da cidade.
Além disso, promovem em sua programação um verdadeiro pão e circo, aproveitando da Copa das Confederações no Brasil para propagar um patriotismo e ufanismo idiota, tudo para anestesiar a população e tirar o foco dos grandes problemas estruturais que o país enfrenta. 


No entanto, há algo novo nessa conjuntura, que embora os governantes não queiram reconhecer, tem um poder de mobilização incrível. Falo da Internet, dos Blogs, das Redes Sociais, que possibilitam, por exemplo, a liberdade de expressão; a denuncia contra abusos e corrupção; a discussão dos problemas estruturais, tanto a nível local quanto mundial; a articulação de pessoas em várias partes do país e do mundo, enfim, um poder político que vai muito além dos velhos e ultrapassados partidos e sindicatos. Outras iniciativas pelo mundo já demonstraram a força que essas ferramentas têm, como nos movimentos da Primavera Árabe em alguns países árabes, dos Indignados na Espanha e do Ocupe Wall Street em Nova York.


Nesse sentido, abre-se a possibilidade nesse momento histórico, de uma nova forma de se propor e fazer política. Para além dos tradicionalismos de esquerda x direita, agora não temos um núcleo, um centralizador das decisões, mas somente alguém que tome a iniciativa, que se identifique com um determinado grupo e com as sua reivindicações, enfim, alguém que curte e compartilha um mundo diferente, melhor, mais justo, democrático e livre.
Portanto, parafraseando Marx, as condições (materiais, políticas, econômicas e sociais) na atual conjuntura estão dadas, basta a nós (tanto indivíduos como grupos e movimentos independentes) modificá-las. Afinal, a mudança mais do que necessária, é urgente. O povo acordou!

sábado, 30 de março de 2013

A crise de escrever



Prezados leitores, boa tarde!

Estou escrevendo este texto como uma forma de desabafo e com a intenção de compreender os motivos que me afligem e consequentemente estão me impossibilitando de escrever. 

Minha última postagem foi para desejar aos leitores deste blog um Feliz Ano Novo e após a virada do ano os meus pensamentos andaram tão misturados e dispersos que não consegui elaborar nenhum texto consistente.  Este post será sucinto e questionará algumas reflexões acerca das prioridades que escolhemos às nossas vidas. Assim, o tempo seria o nosso parceiro ou nosso inimigo? Por que assumimos tantas responsabilidades imposta pelo cotidiano? Por que lemos cada vez menos informações significativas? Por que as horas do dia parecem tão insignificantes e insuficientes?

As minhas percepções me conduzem para algumas considerações: é fato que tanto o trabalho, quanto a universidade pecam no fomento da criatividade e reproduzem a máxima fabril da massificação, visto que na maioria do tempo, sinto as minhas idéias tão padronizadas como peças de larga escala, dificultando, deste modo, a superação do senso comum.

Ou seja, encontro-me preso nas prioridades do cotidiano e não consigo pensar para além dessa lógica. Será que todos os amantes do escrever sofrem com essas crises?

Em suma, eu espero que essa crise seja passageira.

Abraços a todos e um ótimo final de semana!

Atenciosamente,

Clédão